O que prejudica a imagem? Os documentários ou a existência prévia dos factos que documentam? Foi a Save the Waves Coalition que decidiu fazer certo tipo de intervenções na costa da Madeira? Foi Al Gore que decidiu não subscrever o Protocolo de Quioto por parte dos EUA e contribuir em tão alto grau para o Aquecimento Global?
O Governo Regional decidiu apresentar queixa crime contra os produtores do filme Lost Jewel of the Atlantic. Por, supostamente, o documentário norte-americano (estreado em 2006) difamar o executivo madeirense e prejudicar a imagem da Madeira.
Na mesma ordem de ideias, Al Gore poderia ser processado pelo Governo dos EUA por, supostamente, estar a prejudicar a imagem daquele governo e país, ao denunciar no An Inconvenient Truth o desrespeito pelo ambiente e a não subscrição do acordo de Quioto, com a «alegação do presidente George W. Bush de que os compromissos acarretados pelo mesmo interfeririam negativamente na economia norte-americana» (Wikipedia). «A Casa Branca também questiona o consenso científico de que os poluentes emitidos pelo Homem causem a elevação da temperatura da Terra.» E o documentário de Al Gore mostra até onde estão dispostos a ir para censurar a verdade científica e escamotear a realidade.
Os «criminosos» são os defensores do ambiente e da natureza que falam sobre as evidências... George H. W. Bush diz no filme de Al Gore: "this guy is so far out in the environmental extreme, we'll be up to our neck in owls and outta work for every American. He is way out, far out, man" (este fulano está tanto no extremismo ambiental, que vamos ficar com corujas até ao pescoço e sem trabalho para os americanos. Ele está no extremo.) Faz lembrar uma ideia difundida cá no nosso quintal, incompatibilizando o "ser verde" (defender o ambiente) com a economia (ter emprego e comer). Como se a defesa do ambiente fosse mau para a economia, sobretudo numa terra cuja base da economia é o turismo, que procura o exotismo e as características autênticas da Madeira - o turismo ecológico e de natureza ganha peso.
Por aqui, além de extremistas e de «criminosos», aos que defendem o ambiente são chamados nomes como «marginais», «drogados», «comunas», «tontos», «sabotadores», «desordeiros», «formiga branca», entre outros. E quem é alvo de achincalhamento público e difamação é, ainda por cima, processado. É a democracia, estúpido...
O documentário de Al Gore por aqui não incomoda, não merece combate nem processos em tribunal, porque é sobre uma realidade "alheia" (razoavelmente "distante") ao "cantinho do céu"... Agora, quando um documentário como Lost Jewel of the Atlantic aborda factos do nosso quintal a conversa é outra. Há verdades mais inconvenientes do que outras...
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