«Na impossibilidade humana de "gerir" milhares de escolas e centenas de milhares de professores, os esclarecidos especialistas construíram uma teoria "científica" e um método "objectivo" com a finalidade de medir desempenhos e apurar a qualidade dos profissionais.
Daí os patéticos esquemas, gráficos e grelhas com os quais se pretende humilhar, controlar, medir, poupar recursos, ocupar os professores e tornar a vida de toda a gente num inferno.
O que na verdade se passa é que este sistema implica a abdicação de princípios fundamentais, como sejam os da autoridade da direcção, a responsabilidade do director e dos dirigentes e a autonomia da escola.
O sistema de avaliação é a dissolução da autoridade e da hierarquia, assim como um obstáculo ao trabalho em equipa e ao diálogo entre profissionais. É um programa de desumanização da escola e da profissão docente. Este sistema burocrático é incapaz de avaliar a qualidade das pessoas e de perceber o que os professores realmente fazem.
É uma cortina de fumo atrás da qual se escondem burocratas e covardes, incapazes de criticar e elogiar cara a cara um profissional. Este sistema, copiado de outros países e recriado nas alfurjas do ministério, é mais um sinal de crise da educação.»
António Barreto (PÚBLICO, 9 de Março de 2008)
Concordo com a generalidade dos argumentos de António Barreto, mas temos de ser realistas. A avaliação, na lógica irrefutável e dominante na actualidade, tem de acontecer. Interessa então minimizar os riscos e danos, que o sociólogo bem identifica. Porque modelos de avaliação perfeitos não existem. A solução não é a recusa da avaliação, mas sim o seu aperfeiçoamento e adequação à natureza da profissão docente e da instituição escola.
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