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quinta-feira, maio 21, 2009

Elementos sobre o estado da escola pública 35: de utopia em utopia até ao laxismo total III

"Para o PCP, o indivíduo não é responsável pelos seus actos, é sempre culpa da sociedade", disse Jorge Moreira (PSD) quando o PCP Madeira defendia que a suspensão de estudantes indisciplinados fosse banida.

O Diário (20.5.2009) dá conta de duas passagens das intervenções no parlamento a propósito da proposta do PCP Madeira, na ALM, para acabar-se com a possibilidade de suspender alunos nas escolas:

"É necessário contrariar a velha escola repressiva e que promove a exclusão social" - Edgar Silva (PCP).

"Para o PCP, o indivíduo não é responsável pelos seus actos, é sempre culpa da sociedade" - Jorge Moreira (PSD).

E ainda se diz que as ideologias não têm razão de ser... que acabaram... Aqui fica patente diferenças fundamentais.

Exclusão são os estudantes saírem da escola sem conhecimentos, sem estarem preparados para a vida devido a comportamentos indisciplinados e a uma atitude negativa perante o trabalho escolar.

As escolas privadas incluem mais, no sentido em que obrigam a trabalhar e a ter regras de civismo como condições base para acontecer a aprendizagem. Na escola pública está tudo montado de cima a baixo para não se exigir trabalho nem disciplina dos estudantes.

Nesse sentido, a escola pública, com o laxismo vigente, exclui estudantes da formação e de uma efectiva preparação para a vida e ao acesso à mobilidade social. Prioriza-se o marcar presença na escola. A fazer o quê não é o mais importante... Disso não fala uma certa esquerda.

Inclusão "faz de conta", daquela que se preocupa apenas em ter as crianças e jovens na escola, não importa como e em que condições, não prepara pessoas para a vida. Prepara pessoas para a ilusão, para a reprodução social e para a marginalidade.

A falta de trabalho e a ausência de disciplina por parte dos estudantes são os maiores factores de exclusão na escola. É mais fácil transferir responsabilidades pessoais para entidades exteriores.

Defendo e luto para que os estudantes tenham as melhores condições e oportunidades de aprendizagem na escola; defendo e luto para que tenham apoios (educativos, sociais e outros), mas nada de iludir as suas responsabilidades individuais no seu percurso escolar. Ter problemas não dá o direito de impedir que outros aprendam nem justifica a preguiça escolar.

Aqui cito o amigo, psicólogo e pedagogo José Augusto Fernandes (Projecto S.O.F.I.A), que diz o seguinte: «nós somos 100% o nosso património genético, 100% a educação que tivemos, mas somos, sobretudo, o que fazemos com essas duas componentes.»

Concordo que se valorize a capacidade de comando e determinação do indivíduo (a sua vontade e capacidade de decisão e de mudança) no que toca à condução da sua vida, em detrimento do determinismo genético e educacional, que é desculpabilizante e desresponsabilizante do indivíduo.

Recuso justificar a inacção e a irresponsabilidade individuais, transferindo as culpas apenas ou basicamente para a esfera social, genética ou educacional.

Estou ciente do peso das circunstâncias, mas estou cansado da cantiga do costume de culpar a sociedade, a genética e a educação por tudo o que de mal acontece aos indivíduos. Como faz uma certa esquerda, mas também uma certa direita. Aqui estou de acordo com a intervenção do deputado Jorge Moreira, acima citado.

Desta série:
De utopia em utopia até ao laxismo total I
De utopia em utopia até ao laxismo total II

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