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«A razão da sem-razão que à minha razão se faz de tal maneira enfraquece a minha razão, que com razão me queixo da vossa formosura.» [...] Com estas palavras perdia o pobre cavaleiro o juízo e esforçava-se por entendê-las e arrancar-lhes o sentido, que não extrairia nem as entenderia o próprio Aristóteles, se ressuscitasse de propósito para isso.»
«Na verdade, já louco varrido, acabou por ter a ideia mais estranha que até hoje teve um louco no mundo, e foi que lhe pareceu proveitoso e necessário, tanto para aumentar a sua honra como para o serviço da sua república. tornar-se cavaleiro andante, e ir por todo o mundo com as suas armas e o seu cavalo em busca de aventuras e excutar tudo o que lera que os cavaleiros andantes realizavavam, reparando toda a espécie de ofensas e expondo-se a riscos e perigos, com o que, vencendo-os, alcançasse eterno nome e fama.»
Miguel de Cervantes: O Engenhoso Fidalgo D. Quixote de la Mancha: Relógio D'Água: Maio de 2005 (obra originalmente editada em 1605): tradução e notas de José Bento: páginas 36 a 40.
D. Quixote de la Mancha (1)
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