«O Estatuto do Aluno reforçou a autoridade dos professores», afirmou Augusto Santos Silva, numa tentativa desesperada de gerir danos eleitorais devido à política de hostilidade e desautorização dos professores e ao facilitismo instalado na Educação. O estilo veemente e agressivo de nada serve.
O ministro dos Assuntos Parlamentares do PS, Augusto Santos Silva, deve habitar outro país que não Portugal ao defender no programa Prós e Contras, na RTP1, na passada segunda-feira, que o «Estatuto do Aluno reforçou a autoridade dos professores».
No post A Balbúrdia na Escola o sociólogo António Barreto considera que a principal inspiração do actual Estatuto do Aluno é a desconfiança dos professores. O documento oscila «entre a burocracia, a teoria integradora das ciências de educação, a ideia de que existe uma democracia na sala de aula e a convicção de que a disciplina é um mal.» Daqui a reforçar, como defendeu Augusto Santos Silva, cinicamente, a autoridade dos professores, vai uma distância abismal.
Nesse mesmo programa na RTP1, Paulo Rangel, do PSD afirmou que centraria a preocupação no aluno e na qualidade dos seus conhecimentos e não nos professores. Também o CDS coloca a centralidade no rigor e exigência no ensino, contrariando a desreponsabilização estudantil e o facilistismo na aprendizagem do actual governo.
A este propósito Augusto Santos Silva invocou a democratização do ensino e acusou Paulo Rangel que defender o elitismo na Educação, como se a questão se resumisse a uma questão de preto ou branco. O que o ministro do PS se esqueceu de dizer é que promovem a democratização do ensino ao nível do acesso e depois esquecem a qualidade, a exigência de trabalho, responsabilidade e disciplina aos estudantes. Se ficamos satisfeitos apenas com a democratização do acesso (ter os alunos na escola sem lhes garantir conhecimentos e competências) estamos a promover uma falsa democratização do sucesso escolar e uma ilusória inclusão social.
O PS optou por ter mão dura apenas para os professores, como se isso pudesse compensar o facilistismo e a bandalheira acentuada no ensino em nome de uma falsa inclusão e uma ilusória democratização do ensino.
Porque alunos sem conhecimentos, indisciplinados, não trabalhadores e irresponsabilizados não os prepara para a vida. São antes factores de exclusão.
Uma certa esquerda fecha os olhos à indisciplina dos alunos, como se fosse inevitável e natural (chamam a isso ser progressista...), e ao seu pouco empenho na aprendizagem, como se esta acontecesse de forma espontânea ou apenas pela acção mágica do professor. Estou cansado destes complexos ideológicos em que está presa uma certa esquerda. A direita, que não está ilibada de responsabilidades, é mais clara quanto às questões da disciplina, da autoridade e do esforço individual.
Na Madeira, note-se, temos um governo de direita mas a bandalheira nas escolas e nas salas de aulas é uma realidade, semelhante ao que se passa no resto do país. Há também uma certa direita que é laxista e facilistista.
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