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No final do frente-a-frente de hoje, na RTP1, entre Paulo Portas e Francisco Louçã, a moderadora Judite de Sousa, perante as previsões de empate técnico entre PS e PSD, referiu que «Portugal poderá entrar num período muito difícil de ingovernabilidade». Perguntou então ao líder bloquista: «Qual a responsabilidade que o seu partido está disposto a assumir?»
Não houve resposta. Louçã fugiu à questão dizendo que «agora nós temos ingovernabilidade, agora», com a governação de José Sócrates: código do trabalho, 400 mil trabalhadores temporários e desemprego. E depois mandou mais umas farpas a Paulo Portas para não responder à pergunta da jornalista. O BE foge de algumas questões como o diabo da cruz.
Ao fim ao cabo, significa que não se preocupa com uma possível instabilidade governativa após 27 de Setembro, mesmo que isso piore a situação dos trabalhadores precários, dos desempregados e de muitos dos actuais empregados.
No post BE recusa («jamais») coligação com o PS já tínhamos percebido que o partido liderado por Francisco Louçã não deseja assumir responsabilidades de governação:
«Não iremos [para o governo] com nenhum partido e nenhuma política aos quais nos opomos». Uma clara opção pela oposição às políticas dos outros e não pela tentativa de concretização de algumas políticas próprias. Será que o BE sonha governar sozinho, para aplicar as suas políticas de forma pura? Será adepto inconfesso de maiorias absolutas (quem sabe se totalitárias...), desde que esteja a mandar?
Assumir responsabilidades governativas e concretizar o que se apregoa, perante as possibilidades oferecidas pelo mundo real, o mundo do possível, é mais difícil do que constestar com um punhado de utopias debaixo do braço. O BE está preso no seu próprio radicalismo, nos seus dogmas.
Pretende o BE um governo minoritário para contestar e causar erosão no parlamento, sem negociar, sem se comprometer minimamente com a governação. Instabilidade e ingovernabilidade para o BE reinar...
Recorde-se ainda que foi o mesmo Louçã, que se diz tão preocupado com os desempregados e os pobres, que ridicularizou a poupança que se faria com a simultaneidade dos próximos actos eleitorais (legislativas e autárquicas). Disse, demagogicamente, "aquilo que se poupa ao fazer a sobreposição das duas eleições é aproximadamente o que se gasta nas iluminações de Natal da Avenida da Liberdade", quando se sabe que se poupariam «cerca de 4 milhões de euros numa despesa global estimada em 19 milhões de euros (10 milhões para as legislativas e cerca de 9 milhões para as eleições locais)», como se leu no Público de 18.6.2009. Deveria antes o BE ter proposto a poupança, em favor de quem mais precisa em tempo de crise, não aprovando a tal lei de financiamento dos partidos nem dois actos eleitorais separados, apesar de tão próximos.
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