Madeira não é nenhum "cantinho do céu" no que toca à indisciplina e violência escolar
A «disciplina democrática» que se aplica aos sectores da vida pública na Madeira não chega às salas de aula, esses espaços de autoridade e regulação difusas (vulgo bandalheira).
O aluno é disciplinado e empenhado nas tarefas escolares apenas se assim entender, porque caso contrário ninguém lhe educa a vontade para nada. Pelo menos o professor já não tem a autoridade para tal. Como não tem autoridade não pode construir uma liderança (ser líder). Por isso, exigem-lhe qualidades de super homem ou super mulher para inventar soluções, sozinho.
«Direcções das escolas nem sempre são solidárias com os professores» foi título de uma notícia no Diário (13.03.2010). «Além das ameaças de agressão fora da escola, não é raro o professor repreender um aluno dentro da sala de aula e depois deparar-se com o carro vandalizado.»
O Sindicato dos Professores da Madeira denuncia que «há professores vítimas dos alunos na Região. Os números são à nossa escala, mas existem, os dramas são reais e estão espalhados um pouco por todos os concelhos». Diz-se ainda que «quase todos preferem viver a situação sozinhos, conforme podem.»
É este isolamento que é preciso ser quebrado e haver uma acção concertada, não sei se liderada pelos sindicatos ou por outro tipo de estrutura associativa de docentes. É preciso que as queixas de foro criminal cheguem ao Ministério Público e que os problemas sejam descritos por escrito e oficialmente à tutela educativa. Nem que seja para evitar que alguns neguem a realidade.
Como outro tipo de vítimas, os docentes muitas vezes ocultam os problemas com medo da censura ou de serem responsabilizados, porque o sistema educativo tenta passar a ideia de que a disciplina e autoridade e liderança na sala de aula depende exclusivamente do professor. Que nada tem a ver com o aluno, a família, a direcção da escola ou a tutela educativa. Como se fosse uma questão de pedagogia...
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