No momento em que a ocupação hoteleira e a entrada de turistas cai, João Welsh avança uma série de ideias em entrevista ao Diário, de que destacamos algumas passagens |
«Nós convence-mo-nos que tínhamos qualidade e falávamos que a Madeira era um destino de grande qualidade e o que tinha mais qualidade, mas esquecemos de acompanhar os mercados. Em cima disto tudo, começámos a perder competitividade, não sabíamos bem o que estava a acontecer, não tivemos a humildade de perceber que as medidas imediatistas não são a forma de tentar reagir.»
«A questão central da Madeira é, de facto, com o produto Madeira, que tem de ser olhado com muita atenção, pois tem havido uma descaracterização do produto, muita falta de atenção com aspectos qualitativos e até nas próprias unidades hoteleiras.»
«O estratégico é a árvore, que temos de cuidar por forma a que todos os anos possamos ir lá colher a fruta. Ora, se colocamos no PDES (Plano de Desenvolvimento Económico e Social) as questões sociais e outras como estratégicas, depois colocamos em temático o Turismo, que é na realidade o único sector de actividade central na Madeira, que tem peso na economia e que é exportador, porque entram receitas externas em consequência desta actividade, há um erro estratégico. Temos de colocar o Turismo no local certo, que é como um sector estratégico para Região, numa lógica de montar um 'cluster' (aglomerados de empresas/entidades que colaboram para um mesmo objectivo) à volta do turismo, ou seja com o sector da hotelaria tradicional no centro e, a partir daí, desenvolver todo um conjunto de sectores de actividade, passando até pelos tradicionais.»
«O turismo aí deveria ser determinante de tudo o resto, em que cada obra, cada iniciativa que a Madeira tome, primeiro avalie os seus impactos negativos ou positivos para o turismo. E se são negativos têm de ser travadas quaisquer tipos de obras ou outras iniciativas. Porque, na realidade, quando fazemos tentativas de diversificar os nossos sectores de actividade, para a Madeira ganhar mais estabilidade e ter outras soluções, é de facto uma ideia bem pensada. O problema é que quando enveredamos por esses caminhos e pomos em causa o próprio sector central que é o Turismo, que é aquele em que sempre ganhamos dinheiro e temos todas as condições naturais para continuar a ser competitivos.»
«A marca resulta, não de uma promoção, mas sobretudo de uma estratégia consistente na lógica produto que, depois, acaba nessa própria promoção.»
«As nossas verbas para a promoção rondam os 300 euros por cama, enquanto os Açores devem estar acima dos 600 euros e Lisboa, salvo erro, estão próximos dos 900 euros/cama. Estamos a ver que o esforço feito em termos do turismo ainda é diminuto, por isso não é olhado como um sector estratégico. É visto como um sector extremamente importante, mas não é o que recolhe mais verbas, acreditando eu que é por aí que podemos ter maior retorno dos investimentos feitos.»
Diário de Notícias da Madeira
27.11.2010
João Welsh é delegado regional da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT)
Recorde-se:
Turismo do qual a Madeira depende e onde deve apostar
Sem comentários:
Enviar um comentário