«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Homem de ruptura

Homem de ruptura, demasiado para um País tacanho. Por isso acabou da forma que se sabe
Segundo Miguel Pinheiro, autor da biografia Sá Carneiro, afirma que o político em causa «era uma pessoa muito impaciente, tinha muita pressa de fazer as coisas, tanto na vida pessoal, como na vida política. Conduzia muito depressa, por exemplo, quis casar muito depressa, politicamente sempre quis resolver os assuntos muito rapidamente. Era uma pessoa que não tinha medo de rupturas, nunca foi consensual ao longo da vida e sempre provocou rupturas sucessivas nos sítios onde estava».

Por isso teve o fim precoce que teve. Era incómodo para a cultura amorfa e situacionaista de um País que nunca se soube cumprir depois da Revolução do 25 de Abril. Nunca soube (nem quis) reestruturar-se e mudar.

«Essa necessidade de celeridade absoluta também se devia “ao sentimento premonitório de que iria morrer cedo, tal como confessou a vários amigos e aliados políticos”», refere o autor da respectiva biografia sobre a urgência de viver de Francisco Sá Carneiro. O País, esse, prefere o adiamento e a paralização do que a urgência e a mudança.

Somos um País adiado por políticos de meias-medidas, apostados em manter a mediania, o status quo e os tachos, em lugar de arriscar e criar rupturas que abram janelas de possibilidades e oportunidades aos portugueses. As rupturas não interessavam (não interessam) à mentalidade instalada que tudo paralisa. Portugal é um pântano, com demasiadas criaturas pantanosas.

Esta mentalidade das meias-tintas, da mediania covarde e dos consensos balofos e castrantes, em que a política é um meio para servir-se em lugar de servir o País, pede uma outra revolução, se as outras vias meritórias se esgotarem.

Falta cumprir o 25 de Abril porque uma revolução com cravos pode ser bonita e romântica, mas não mudou o essencial que deveria ter mudado. Fica instalada a corja do costume, ficou encrostada a mentalidade tacanha de sempre. Nem fazem nem deixam fazer.

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