Na companhia de amigos e familiares, embora a música erudita, dia clássica, não seja o meu prato forte (em casa apenas tenho um disco, a 9ª Sinfonia de Beethoven, de uma colecção do jornal Público - a falta de graves é um dos aspectos que me desmotiva no género), lá decidi ir ao Concerto de Carnaval da Orquestra Clássica da Madeira (OCM), na sala Ursa Maior, no Tecnopolo.
Entretanto, como não havia bilhetes na plateia, venderam-se bilhetes para os camarotes. Na sala que é, fiquei de pé atrás, mas o pior é terem-se vendido nove bilhetes para um camarote com apenas quatro cadeiras e quem ficava em segunda ou terceira fila não tinha vista directa para o palco (mais vale dizer não do que oferecer condições insuficientes). Perante essa falta de condições, subi à bilheteira e pedi a devolução do dinheiro do bilhete (e fui ao cinema ver o excelente The King's Speech).
Apesar de se ter vendido que a sala tinha uma boa acústica (só vi tratamento acústico na área do palco) foi-me relatado por quem lá ficou o som continua a não ser bom. Havia mesmo dificuldade em perceber quem falava. O som era como se estivesse fechado numa caixa, na zona do palco, o que é complicado dado que o envolvimnento é crucial na música tocada ao vivo. Caso contrário mais vale ouvir na aparelhagem em casa.
Devido à acústica da sala, "confinar" a música ao palco, de forma a que a sala não interferisse, deve ter sido a solução possível. Todavia, não condiz com as «óptimas condições acústicas», invocadas por Francisco Fernandes, secretário regional de Educação e Cultura, aquando do concerto de estreia do novo espaço da orquestra, no final de Dezembro de 2010, e que as pessoas iriam «com certeza ficar agradavelmente surpreendidas com a sonoridade desta sala», na perspectiva de José Alberto Gonçalves, presidente da OCM.
Enfim, ainda hei-de ouvir um concerto na Ursa Maior do Tecnopolo para tirar as minhas conclusões. A área acústica, na sua relação com a reprodução sonora, é um assunto (complexo) que me fascina.
Outra questão tem a ver com convites versus venda de bilhetes. Entendo que a orquestra tenha de garantir um certo número de presenças. No entanto, os convites deveriam ser distribuídos apenas na véspera do evento. Porque é desmotivante para quem paga saber que, se calhar, como acontece tantas vezes em eventos culturais cá na Região, que boa parte dos espectadores (os amigos e conhecidos) acede à borla.
Na estreia do novo espaço, em Dezembro último, disse-se que se venderam 540 lugares em 678. Não sei desta vez como foi. Mas que havia muito convite havia... Em lugar de pôr alguns a pagar 10 euros, se todos pagassem 5 euros era mais justo e até seria um estímulo para democratizar o acesso aos concertos da OCM. Ou até priorizar convites para quem nunca foi a um concerto da OCM.
Sem comentários:
Enviar um comentário