«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

domingo, agosto 21, 2011

THE LEGENDARY TIGERMAN rocks



THE LEGENDARY TIGERMAN, sozinho, derramou o seu blues rock primitivo, intenso, visceral no Funchal Music Fest 2011 (fotografias com câmara de telemóvel 3.2 megapixel)

Depois de abrir o concerto com "Life Ain't Enough For You" (2009), um dueto virtual via projecção vídeo com Asia Argento, o Tigerman dedicou "Walkin' Downtown" (2006) a Zé Pedro dos Xutos & Pontapés, banda que se seguiria, no cartaz.

Rolou "Light Me Up Twice" (2009) tema em parceria com Cláudia Efe, que fala de Deus estar em toda a parte, mesmo nos sítios mais inesperados..., seguindo-se o blues primitivo de "Naked Blues" (2002), com a projecção simultânea do respectivo vídeo, nos dois écrans em pleno palco a ladear o one-man band, que declara então que há sempre algo de primitivo numa pessoa civilizada. E avisou que tinha um «humor seco», que o público não precisava de rir, que ele já estava habituado a isso...

A componente visual, seja em palco seja em disco, é uma vertende muito cuidada por parte de Paulo Furtado, com uma intenção, sabendo quem o que quer, atento à linguagem multimédia enquanto reforço da música em si e do espectáculo ao vivo. É um espectáculo multi-arte, que abarca várias vertentes e modalidades. A música tem determinado envolvimento, criando um imaginário interessante.

O grave do pedal de bateria soava forte e radical, criando envolvimento e conferindo impacto, nas vísceras de cada um, literalemente. Esta base primordial (primário ao ponto de acompanhar a batida do coração) tem de ser forte para dar o ritmo e o one-man show ficar liberto para gerir o resto. Aliás, o som dos Xutos & Pontapés não estaria tão in your face e radical, no que concerne aos graves, como na actuação de Tigerman. Xutos era Pop.

"Radio & TV Blues", em que criticou o pouco espaço que a música concedido à música nas rádios e televisões, antecedeu o dueto com Rita Redshoes para "Hey, Sister Ray" (2009), um momento alto da actuação, mas cada tema acabou por ser um momento alto. "The Saddest Thing to Say", com Lisa Kekaula (ela projectada a cantar nos écrans no palco) antecedeu os quatro temas rock a abrir, como fez questão de avisar o one-man band.

Entre esses temas, o primeiro deles com travo punk, que não identifiquei o título, ainda não conheço bem os dois primeiros álbuns, seguiu-se "I Got My Night Off" (2009) («mas hoje estou a trabalhar para o rock and roll», declarou Paulo Furtado), ao que sucedeu um tema rápido, outro que não identifiquei, fechando com "Big Black Boat" (2003), que teve o cuidado de avisar não ser para meninos.

Apesar do travo rock alternativo e visceral, o público, pelo menos ali junto ao palco, mostrou que digeriu bem aquela música «primitiva» e gritou por um encore - não sabemos se por hábito... O Tigerman voltou a afiar as garras e debitou então o selgavem "She Said" (2002). Outro momento de destaque, com humor à misturam conhecendo-se o tema.

Brilhante. Tigerman fucking rocks! Não vejo a hora de o apanhar outra vez ao vivo. Mas desta feita  num ambiente mais intimista, numa sala fechada, com público mais específico e reduzido. E, já agora, sem pedir encore, porque é sinónimo que nos arrasou.

Foi THE LEGENDARY TIGERMAN que me levou ontem ao segundo dia do Funchal Music Fest 2011. Vi antes Rita Redshoes, interessante mas não a minha cena, fiquei para os Xutos & Pontapés e também gostei, mas depois do one-man band, o grupo de Zé Pedro soou Pop...

Nota biográfica e discográfica:

Paulo Furtado (ex-Tédio Boys e líder dos WrayGunn) é o talento por detrás da one-man band THE LEGENDARY TIGERMAN, que conta com os álbuns Naked Blues (2002), Fuck Christmas, I Got the Blues (2003), Masquerade (2006) e Femina (2009). Sem esquecer "In Cold Blood" (2004), álbum fotográfico + CD, e a Banda Sonora Original do Filme Tebas (2009), de Rodrigo Areias, que aproveitei para comprar no concerto em vinil (a estética visual do LP é soberba, além do principal: a música).

Tigerman é um rock'n'roller ao estilo do velho contador de histórias de amor, sexo, crime e perdição. A passagem pelo Mississipi, nas múltiplas digressões da lendária banda de Coimbra em terras do tio Sam, serviu de inspiração para este projecto onde Paulo Furtado, munido de guitarra, kazoo, bombo e pratos de choque reinventa a tradição dos bluesman do Delta. The guy is for real. Ele bebeu a cultura e, mais do que isso, a atitude, na sua fonte.

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