"Cantinho do céu" também provará um bocado de inferno, com a falta de liquidez, as derrapagens e a crise agora a chegar e a fazer estragos no espaço insular |
Até este momento, as regiões autónomas têm conseguido adiar a passagem da crise pelas ilhas, com algumas almofadas, como o endividamento ou a não aplicação de determinadas medidas de austeridade. Mas começam a dar de caras com a dura realidade... E quando em vez de pão há uma dura austeridade, é difícil manter tudo como está.
Depois de Alberto João Jardim ter, anteontem, declarado que a "Zona Franca [da Madeira] é tão decisiva para o futuro da Madeira e da sua população que uma situação de tentativa de anulação ia de certeza levantar de novo a questão da independência deste território", eis que chega a vez de o homólogo Carlos César acenar com os fantasmas do separatismo, ao afirmar ontem que a "redução para quatro horas de emissão diária [da RTP Açores] é um caminho perigoso para a coesão nacional. O Estado não deve poupar com funções de soberania, de representatividade nas regiões autónomas".
No caso da RTP, sabemos que tem um passivo tremendo, que os contribuintes portugueses vão pagar. Como é possível a RTP Açores se tentar colocar de fora da contenção e redução desse passivo? Quer César fazer funcionários públicos passar ao lado desta medida de redução de despesa como já fez passar ao lado dos cortes salariais? Dará jeito a César manter a RTP Açores como está por ser um veículo de comunicação privilegiada para quem governa? E se o Algarve ou outra Região do País entender que ter um canal televisivo é fundamental para a coesão nacional e a identidade local?
Entretanto, o PS-Madeira segue as pisadas de Carlos César, ao defender que a "decisão da coligação PSD/CDS configura mais um ataque à Autonomia da Região Autónoma da Madeira", considerando que "a invocação dos elevados custos da emissão da RTP é um argumento injustificado", no sentido em que "diminuir custos nunca poderá significar reduzir um serviço público que garante aos Madeirenses o reconhecimento de uma identidade particular". Se fosse um governo socialista em Lisboa, já se está a ver que seria o PSD-Madeira a protestar e o PS-Madeira a aceitar a realidade... É uma questão de política clubística e não a ver com o interesse público e o interesse nacional.
No caso do offshore da Madeira, como é possível o Estado romper o compromisso a que está obrigado com a troika no que toca aos benefícios fiscais?
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