«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

sábado, outubro 08, 2011

Madeira dentro de Lisboa (roteiro)


“O Madeirense” é dos restaurantes típicos mais antigos em Lisboa
Este "Roteiro madeirense. Deixa passar esta linda brincadeira em Lisboa" escrito por Maria Catarina Nunes para o jornal I (publicado em 8 Out 2011 - 03:00) foi uma boa ideia e mostra o que de bom tem a Madeira. Depois de semanas a zurzir na Madeira e a passar uma péssima imagem dos madeirenses, este tipo de reportagem faz justiça à realidade e ao que de positivo tem a Região Autónoma.

«Foi eternizado pelo Max e gravado pela Sinfónica de Londres. Hoje, o Bailinho da Madeira continua a fazer sentido: “Deixa passar esta linda brincadeira / que a gente vamos bailar à gentinha da Madeira”. Depois das notícias estrondosas, este é o fim-de-semana de eleições. O bailinho continua, mas não sugerimos que dance. Pare o carro, dê andar às pernas e conheça a Madeira dentro de Lisboa. Não é tão bom como um bilhete de avião, mas não ficará mal servido. Palavra de madeirense.

08h00: Pequeno-almoço em Telheiras
Quase podemos arriscar dizer que é a zona de Lisboa onde se concentram mais madeirenses por metro quadrado. Saem dos apartamentos, lêem nos cafés, na biblioteca Orlando Ribeiro, ou correm nos jardins com os cães. Os comerciantes da zona aproveitam a avalanche e é raro passar pelas esplanadas sem ouvir um típico “lh”, próprio de ilhéu, nas palavras que juntam as letras i e l: “Fui ao cinema ontem. Ah paz! Adorei o filhme”. O Melkia Spirit tem vários produtos típicos – Vasco Loja, o proprietário, é madeirense. Há vários pratos inspirados na gastronomia do arquipélago, mas para começar o dia sugerimos um ligeiro: tosta de queijo em bolo do caco, e brisa de maracujá. Para quem não sabe, brisa é um refrigerante produzido na Madeira. Se preferir algo mais substancial, e for Domingo, opte pelo Melkia Wake Up - pequeno-almoço inglês, em homenagem à história britânica que existe na ilha.
(Morada: Melkia Spirit, Rua Maria Dionísio 4ª, Telheiras Tel. 217 524 841)

10h00: Bordados da Madeira
Só não vai encontrar as artesãs, sentadas em cestos de vime, como é tradicional, ou a bordar dentro das lojas. De resto há de tudo o que seja souvenir madeirense. Os bordados são os que enchem mais o olho (e esvaziam os bolsos). Hoje já existem várias lojas que vendem bordados madeirenses com o selo original, mas as que têm mais variedade de produtos concentram-se na baixa lisboeta. Se a carteira estiver virada para isso, lembre-se que comprar uma toalha com grandes dimensões pode estragar a sua tarde, a menos que esteja a pensar fazer uma paragem num local onde possa guardá-la: São muito pesadas. Mas não desanime, há lembranças de outro aprumo.
(Morada: Casa de Bordados da Madeira, Rua 1º de Dezembro Lj. 137; Madeira House, Rua Augusta, nº 133; Madeira Shop, Prof. D. Pedro IV, 44)

11h00: Compotas no Supermercado Sá
Depois dos bordados madeirenses, basta subir a Avenida da Liberdade e entrar na estação de metro do Marquês de Pombal. Linha amarela, direcção Campo Grande, sair na estação do Campo Pequeno. À superfície, seguir para o Centro Comercial (do Campo Pequeno, pois). O Supermercado Sá é uma cadeia que existe há vários anos no arquipélago, mas em Portugal Continental é único. Lembra-se do bolo do caco do pequeno-almoço? Sim, vendem. Também há produtos da Fábrica Santo António (muito conhecida na ilha), como o bolo de mel, broas de mel, doces e compotas de encher o carrinho de frascos. A de pitanga é obrigatória. Caso esteja inspirado para cozinhar também há lapas e atum, gaiado ou peixe espada preta. Tudo vindo da ilha. Leve bananas da Madeira, banana maracujá – e o próprio maracujá – anonas e perâs-abacate. Por fim, basta pesquisar por receitas madeirenses na internet e percebe que consegue utilizar todos os frutos nos pratos principais.
(Morada: Supermercado Sá, Centro Comercial do Campo Pequeno)

12h00: Almoço nas Amoreiras
Temos noção que ir almoçar a um Centro Comercial não é o mais apelativo, mas o roteiro assim o exige. Ao contrário do que esperávamos, não existem assim tantos restaurantes madeirenses na capital. Pelo menos onde se confeccione o prato, tal qual ele é servido na ilha. “O Madeirense” é dos restaurantes típicos mais antigos na capital. A decoração é a conhecida: tecidos de barras vermelhas, amarelas, verdes e azuis, e há diversos objectos a aludir à cultura da ilha. Quanto a pratos, há para todos os gostos. Isto, claro, se for adepto da gastronomia madeirense - que cá entre nós, não é uma coisa difícil. Sugerimos vários: cocktail de gambas em abacate; açorda madeirense; espetada madeirense de lombo em pau de louro acompanhada de milho frito; ou filete de espada com banana e molho de maracujá. A carne de vinho e alhos com laranja também é típica. Para entrada não pode faltar o tradicional bolo do caco com manteiga de alho. Acompanhe com uma Coral, a cerveja da Madeira.
(Morada: “O Madeirense” Avenida Engenheiro Duarte Pacheco, Amoreiras Shopping Center, Loja 3027; Tel. 213 830 827)

15h00: Flores e golos de poncha
Há alguém que visite a ilha da Madeira e não se encha de flores de todos os tipos e feitios? Sim, mas não é o nosso caso. As flores são uma marca da ilha e devem entrar no cabaz. Ficámos a saber que também as há em Lisboa. A loja Flores Romeira Roma vende estrelícias, antúrios e sapatinhos durante todo o ano. Depois das flores, corra a uma loja de música e compre o último CD da cantora madeirense, Joana Machado, “Travessia dos Poetas - Rosa Peixe”. E só não sugerimos um concerto, porque a artista está a actuar em Cáceres, no Festival Internacional de Jazz. Se estiver mais virado para as leituras, Herberto Hélder é sempre uma boa opção e existe em várias livrarias. Para descansar das compras, visite o bar Number Two e beba uma poncha, há de vários sabores. A menos que seja fã de música de carrinhos de choque, não queira ficar muito tempo.
(Morada: Flores Romeira Roma, Avenida de Roma, 50 C; Number Two, Av. 24 de Julho 82)

20h00: Vistas, jantar e Maria Caxuxa
Antes do jantar, e no caso de querer ouvir mais falares da ilha, rume até ao Miradouro São Pedro de Alcântara. É outro dos sítios preferidos dos madeirenses para beber um copo de fim de tarde. Às 20h, com as pernas a latejar de tanto passeio, é natural que o bolo do caco com manteiga de alho não saia da cabeça. Apesar de antigo e de ter uma decoração peculiar, o restaurante “Ilha da Madeira” é dos mais concorridos, talvez pelo seu ambiente acolhedor e informal. A cozinha é, claro, regional madeirense. As espetadas em pau de louro e o bolo do caco são muito pedidas. Para acompanhar a refeição, a cerveja Coral, da empresa de cervejas da Madeira, é para ser bebida fresca. Para sobremesa, aconselhamos o pudim de maracujá ou o bolo de banana. Ambos de fazer repetir. Acabado o jantar é tempo de o digerir com um passeio a pé até ao Bairro Alto. No bar Maria Caxuxa não vai encontrar produtos tradicionais da Madeira, a não ser os próprios dos ilhéus. É outro dos lugares de concentração de madeirenses. E a música é boa. (Morada: Miradouro São Pedro de Alcântara, Rua São Pedro de Alcântara; Restaurante Ilha da Madeira, Rua Campo de Ourique 33-35; Maria Caxuxa, Rua da Barroca 6-12)

03h00: Cantinho da Madeira no Lux
É certo que os madeirenses gostam de noite e frequentam vários sítios em Portugal Continental. Mas é no Lux que o encontro é certeiro. O bar mais pequeno do segundo andar da discoteca, próximo da varanda, é dos lugares preferido dos madeirenses para conversar e beber copos a altas horas. Com algumas danças pelo meio, claro. Mesmo que não tenham combinado, os ilhéus sabem que frequentar o canto esquerdo do Lux, é uma boa opção se estiverem com saudades de casa e quiserem encontrar conterrâneos durante o fim de semana da grande Lisboa.
(Morada: Lux, Avenida Infante Dom Henrique Armazém A Cais da Pedra)

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