«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

sexta-feira, outubro 07, 2011

Madeira e madeirenses tratados injustamente





O bom que tem a Madeira foi nas últimas semanas deliberadamente esquecido pela comunicação social continental

Os factos que aqui quero abordar não desculpam os erros da longa governação de Alberto João Jardim e do seu partido, que não se resumem à questão da dívida e ao exercício musculado da democracia. É pesquisar por este blogue.

Como os ajustes de contas são muitos, como interessa fazer da Madeira um bode expiatório, fizeram-se manipulações na comunicação social que não esperava ver. Realmente destrutivo.

Não gostei de ver este arquipélago e o seu povo humilhados como foram em reportagens arrepiantes do ponto de vista jornalístico, nem falo da ética, muitas vezes delirantes e manipuladas, com opinião e bocas à mistura.

Não gostei de ver este povo a que pertenço, com qualidades e defeitos, não importa, ser mostrado nos aspectos mais caricaturais e boçais, atingindo-o na dignidade.

Usaram-se pessoas humildes para passar uma imagem de ignorância e fazer crer que os madeirenses se vendem por um prato de comida num comício qualquer, não importa o partido. Como se os madeirenses fossem idiotas bajuladores de Alberto João Jardim. Como se fossem todos arrebanhados e inconscientes.

O mínimo era que fizessem os ataques que entendessem à governação madeirense mas com notícias e factos. O mínimo era que não confundissem a Madeira e os madeirenses com a governação.

Enfim, esse tipo de trabalho jornalístico e os fazedores de opinião sectários dominados pela ansiedade do ajuste de contas, num vale tudo, dificultaram muito o papel da oposição neste acto eleitoral (alguma oposição também errou ao não acautelar mais a imagem da Madeira e dos seus habitantes no tentador "quanto pior, melhor"). Esclarecer e manipular o público são coisas diferentes. E não gosto de campanhas de ódio, venham de onde vierem.

No jornalismo tem de haver esforço de interpretação, de contextualização, de aprofundamento, de memória, de descodificação e desmontagem (rigorosa e objectiva) dos factos - diferente de opinar - com os olhos postos na salvaguarda do direito que tem o público à informação, sem subterfúgios. O cidadão tem de ficar ao corrente de tudo o que está subjacente aos assuntos, mas com factos. Não com manipulações.

Sem desculpar a gestão da res publica cá na Região, os erros de outros não justificam os nossos, por que razão os Sócrates, Valentins Loureiros, Fátimas Felgueiras, Isaltinos Morais, entre outros, não merecem o mesmo tratamento que Alberto João Jardim tem tido? Viver numa Região Autónoma faz a diferença? Qual é o critério?

Por que razão as dívidas das autarquias entram na dívida da Madeira, mas no Continente a dívida das autarquias não entra na dívida do País? Qual é o critério?

Por que razão se faz um debate na Assembleia da República em vésperas das Eleições Legislativas Regionais para discutir a situação da Madeira, com o candidato a presidente do Governo Regional do CDS-PP, por quem tenho respeito, a ter uma intervenção nesse debate, num aproveitamento eleitoralista  a partir do palco privilegiado da Casa da Democracia? Que critério ou ética democrática é essa?

Pelos vistos vivemos tempos de relativização...

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