«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

segunda-feira, novembro 14, 2011

O céu da banca: ser recapitalizada e passar malparado para o Estado


Não será possível acabar com a história de que os bancos são muito grandes e importantes para caírem?













cartoon origin

O Estado não deve fazer certos fretes aos bancos. Aqui deve ser neoliberal e deixar o mercado funcionar.

É curioso o Governo da República ser considerado marxista-leninista ao ser acusado pelos banqueiros de querer nacionalizar a banca, como no PREC de 1975, por exigir determinadas garantias nos fretes à banca...

Não deve fazer fretes relativamente à recapitalização da banca portuguesa com 12 mil milhões da Troika ou à assumpção pelo Estado do crédito malparado desses mesmos bancos.

O Estado não deveria acolher as «carteiras de créditos mais difíceis e alguns malparados (dívidas de longo prazo de empresas públicas e empréstimos para compra de casa) que estão a inquinar os balanços dos bancos privados portugueses.»

A banca deveria responsabilizar-se pelas consequências da concessão desenfreada de crédito que andou a impingir aos portugueses (sem nunca escamotear a responsabilidade individual de quem contraíu essas dívidas - nada de diabolizar a banca por todos os males...) e não tentar passar tudo para o Estado. Não é justo serem os contribuintes a garantir o cumprimento de dívidas que são e devem continuar a ser dos bancos.

Os bancos foram agressivos na concessão de crédito e a fazer altos negócios e especulação, como são agressivos agora a exigir a ajuda por parte do Estado, como se fosse normal ou uma obrigação num mercado livre.

Assim também eu era banqueiro... Emprestava dinheiro o mais possível, sem me preocupar muito com a capacidade de as pessoas e empresas cumprirem a dívida, na certeza de que o Estado, para salvar a economia e assegurar o seu financiamento, assumiria o crédito malparado e recapitalizava o banco...

Então o mercado livre é o quê? Só interessa quando dá lucro? Privatizam-se os lucros e nacionalizam-se os prejuízos?

Dizia ainda a notícia: «ao libertarem-se destas dívidas mais complicadas, os bancos garantem que poderão ter outra vez folga para financiar a economia e, em particular, as empresas públicas e as companhias de pequena e média dimensão, as que mais se queixam de sufoco quando tentam ir ao banco pedir dinheiro emprestado.»

Será mesmo que os bancos financiariam a economia depois de o Estado lhes fazer a vontade? O Estado e os contribuintes são assim chantageados.

O Estado deve é financiar a economia, por via da Caixa Geral de Depósitos, nesta fase aguda da crise, com os tais 12 mil milhões da Troika (mais o que vai dispender com a assumpção do crédito malparado), em vez de o entregar aos bancos privados. Por mais que apelidassem o Governo de marxista-leninista.

Injectar esse dinheiro disponível nas PMEs, criar emprego, produzir e conseguir pagar as dívidas à custa do crescimento e não do corte dos salários de quem trabalha ou do aumento brutal dos impostos. Em vez de andar a salvar bancos.

Não será possível acabar com a história de que os bancos são muito grandes e importantes para caírem? Será mesmo que a queda poderia conduzir ao caos e a uma recessão como nunca vista?

Não devem os mercados e o sector financeiro se sobreporem aos Governos e Estados democráticos. É preciso «equilibrar a liberdade de mercado com a capacidade interventora dos poderes públicos.»

Leitura complementar:
Nova espécie: Governo de Passos Coelho é neoliberal marxista-leninista

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