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À revista Mais do Diário de Notícias da Madeira (16 de Março de 2014), o enorme escritor português Miguel M. Tavares, falou sobre cultura e literatura.
Nem só de pão vive o homem: «Quando uma pessoa lê um livro, vê uma peça de teatro ou um filme, não é recompensado monetariamente. Mas com o tempo, a cultura que vai adquirindo, os livros que lê, etc, vai ter consequências também ao nível económico, e mais importante até do que isso, terá influência na formação humana da pessoa, será melhor pessoa, se relacionar melhor com os outros...»
Daí que o escritor afirme que «a Cultura é que permite que as pessoas aumentem a lucidez», embora consciente que «se uma pessoa não tiver as necessidades básicas satisfeitas, falar de livros é quase um luxo.» Nem o próprio Miguel M. Tavares teria tempo e disponibilidade para escrever/criar se estivesse a pensar na prestação do frigorífico por pagar.
E disse mais sobre o papel da cultura: «Ou nós achamos que a cultura é uma coisa apenas para satisfazer alguns durante algum tempo, ou achamos que a cultura é algo que fica, que faz parte do património de um país. E eu acho que a cultura deve ser vista como isto, como qualquer coisa que, quer na Arte, quer na Literatura, vai dando algo às pessoas. É isso que vai acrescentando uma qualidade ao clima, ao tempo, ao temperamento das pessoas, etc. Portanto se um país parar de produzir cultura vai apenas depender das coisas naturais, do charme natural... Acho que o nosso país tem um charme natural, tem condições muito bonitas, mas acho que temos de acrescentar alguma coisa, acho que é o nosso dever...»
A respeito da literatura afirmou: «Gosto da ideia que a literatura faz pensar.» No meu entender, literatura "a sério"é aquela que, por ser substantiva (isto sem qualquer elitismo, pretensiosismo e apenas fundamentado na realidade factual, passe o pleonasmo). Dito de outro modo é aquela literatura que fica a ecoar dentro de nós, que nos transforma, que nos faz estremecer, que aborda os temas essenciais no que toca à natureza humana e à vida, que nos enriquece e desafia a crescer mentalmente. Numa palavra, que nos abre a mente e a alma.
O escritor acrescentou a respeito do seu conceito de literatura: «É evidente que eu gosto de contar histórias. O Senhor Valery é uma história, o Jerusalém, o Viagem à Índia são histórias. Eu não tenho nada contra as histórias e tenho muito prazer em contar uma história. Mas acho que uma história em literatura não pode ser contada da mesma maneira como é numa telenovela, senão há alguma coisa que está mal. A literatura é outra coisa, é uma história que nos mexe de uma forma um pouco diferente de uma história de televisão, e eu acredito nisso...»
E disse ainda a tal respeito: «Eu não gosto da literatura como passatempo. Acho que a literatura deve dar prazer e dá muito prazer, mas é um prazer que não é o mesmo de ver uma telenovela. Não pode ser a mesma coisa, não é uma história que quando acaba, nós desligamos a televisão e pronto, não pensamos mais sobre isso. Acho que a literatura conta histórias que, espero quando os leitores fecham o livro, ainda fique ali qualquer coisa para pensar, que a história não termine com o fecho do livro. Até, às vezes há algo de importante que começa depois de terminarmos o livro.»
À revista Mais do Diário de Notícias da Madeira (16 de Março de 2014), o enorme escritor português Miguel M. Tavares, falou sobre cultura e literatura.
Nem só de pão vive o homem: «Quando uma pessoa lê um livro, vê uma peça de teatro ou um filme, não é recompensado monetariamente. Mas com o tempo, a cultura que vai adquirindo, os livros que lê, etc, vai ter consequências também ao nível económico, e mais importante até do que isso, terá influência na formação humana da pessoa, será melhor pessoa, se relacionar melhor com os outros...»
Daí que o escritor afirme que «a Cultura é que permite que as pessoas aumentem a lucidez», embora consciente que «se uma pessoa não tiver as necessidades básicas satisfeitas, falar de livros é quase um luxo.» Nem o próprio Miguel M. Tavares teria tempo e disponibilidade para escrever/criar se estivesse a pensar na prestação do frigorífico por pagar.
E disse mais sobre o papel da cultura: «Ou nós achamos que a cultura é uma coisa apenas para satisfazer alguns durante algum tempo, ou achamos que a cultura é algo que fica, que faz parte do património de um país. E eu acho que a cultura deve ser vista como isto, como qualquer coisa que, quer na Arte, quer na Literatura, vai dando algo às pessoas. É isso que vai acrescentando uma qualidade ao clima, ao tempo, ao temperamento das pessoas, etc. Portanto se um país parar de produzir cultura vai apenas depender das coisas naturais, do charme natural... Acho que o nosso país tem um charme natural, tem condições muito bonitas, mas acho que temos de acrescentar alguma coisa, acho que é o nosso dever...»
A respeito da literatura afirmou: «Gosto da ideia que a literatura faz pensar.» No meu entender, literatura "a sério"é aquela que, por ser substantiva (isto sem qualquer elitismo, pretensiosismo e apenas fundamentado na realidade factual, passe o pleonasmo). Dito de outro modo é aquela literatura que fica a ecoar dentro de nós, que nos transforma, que nos faz estremecer, que aborda os temas essenciais no que toca à natureza humana e à vida, que nos enriquece e desafia a crescer mentalmente. Numa palavra, que nos abre a mente e a alma.
O escritor acrescentou a respeito do seu conceito de literatura: «É evidente que eu gosto de contar histórias. O Senhor Valery é uma história, o Jerusalém, o Viagem à Índia são histórias. Eu não tenho nada contra as histórias e tenho muito prazer em contar uma história. Mas acho que uma história em literatura não pode ser contada da mesma maneira como é numa telenovela, senão há alguma coisa que está mal. A literatura é outra coisa, é uma história que nos mexe de uma forma um pouco diferente de uma história de televisão, e eu acredito nisso...»
E disse ainda a tal respeito: «Eu não gosto da literatura como passatempo. Acho que a literatura deve dar prazer e dá muito prazer, mas é um prazer que não é o mesmo de ver uma telenovela. Não pode ser a mesma coisa, não é uma história que quando acaba, nós desligamos a televisão e pronto, não pensamos mais sobre isso. Acho que a literatura conta histórias que, espero quando os leitores fecham o livro, ainda fique ali qualquer coisa para pensar, que a história não termine com o fecho do livro. Até, às vezes há algo de importante que começa depois de terminarmos o livro.»
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