Tom Morello: «Rocking #lollapalooza with my face» (July 31, 2016) |
Não quero "perder" mais tempo neste tipo de deambulações (há coisas mais interessantes do que a política - como o meu Hermann Hesse ou os meus Tool, um na mesa de cabeceira, outros no meu leitor de CDs) mas deixo o excelente artigo de Daniel Oliveira (Chegou o futuro infeliz), embora discorde que o futuro infeliz chega só agora. Já tinha chegado às muitas vítimas da crise financeira.
Importa que o opinion maker explica como se chegou até aqui (risco de um candidato radical e populista ganhar a presidência dos EUA). Uma opinião "jornalística" que não abarca tudo, nem seria esse o propósito. É uma sugestão de leitura para quem queira "perder" algum tempo a compreender. Deixo uns destaques pessoais a respeito do que li:
Como estou cansado da deliberada mentira ou ilusão politicamente correcta, acredito na «franqueza politicamente incorrecta», de que fala o articulista, para enfrentar a realidade e dar solução aos problemas, de forma a tornar o mundo socialmente mais justo e pacífico. E em lugar do pântano politicamente correcto à maneira lusa - António Guterres, apesar do seu talento, foi embora por causa desse pântano petrificante. E Sá Carneiro fora antes "mandado embora"...
Para mim, o politicamente incorrecto como uma «autoestrada para a alarvidade onde nem o bom senso nem a civilidade sobrevivem» não é opção nem faz sentido. Como é óbvio. E acredito que não é este segundo tipo de politicamente incorrecto que defendia Clint Eastwood (Clint Eastwood on the "Pussy" Generation and Why He's Voting for Donald Trump).
Os filmes por si realizados, segundo lembro, defendem valores humanos fundamentais da civilização, como a solidariedade, embora se possa criticar alguns aspectos de fervor nacionalista e justicialista à americana. Não seria admissível que, nos dias de hoje, Eastwood ainda defendesse qualquer tipo de discriminação entre pessoas.
Daniel Oliveira refere que «“Donald Trump é o candidato do caos.” Não o criou, nem sequer se pode dizer que o tenha alimentado. Resulta dele.» O caldo morno do politicamente correcto impeditivo de soluções para os problemas deixou muita gente desiludida (e sem esperança) no campo democrata. A responsabilidade não é só da direita nem dos democratas. A circunstância de crise económica veio dar gás ao populismo radical.
O articulista refere: «O seu discurso [de Donal Trump], carregado de ódio e ressentimento, com toda a retórica da extrema-direita, é mais fácil por ter havido a crise em 2008. Por Obama ter falhado (não percebemos porque a Europa falhou ainda mais). Porque, tal como Bernie Sanders, dirige-se a um profundo mal-estar da América e sabe que Hillary Clinton será a última a conseguir responder-lhe».
Mas, é importante isto: por mais insensato e radical que seja Trump, ele vive num contexto de uma DEMOCRACIA (não é um Estaline na Rússia). «Em que país do mundo um confronto de rua entre um anarquista e um extremista de direita acaba num debate constitucional? Talvez seja isto que salve a América: com todos os excessos, ninguém se atreve a pôr em causa, pelo menos de forma clara, a democracia. Apesar de tudo, têm uma coisa decente a que se agarrar.»
«Na rádio local, nas televisões locais, nos jornais, em todo o país, só há um assunto: os crimes, o terrorismo e o medo.» Ora, com tanto terrorismo, violência, insegurança, crise económica, desigualdade social galopante e, acima de tudo, o salve-se quem puder em que o ser humano deixa de respeitar o outro (na forma de racismo ou em qualquer outra forma, no dia a dia, na família, no emprego, no autocarro, na escola, no bar, etc.), não é de admirar que as pessoas anseiem por ordem (respeito), segurança e justiça social. É legítimo e natural que o queiram. Não tem que ser a ordem do antigamente e discriminatória (supressão das minorias e excluídos) que alguma direita quer (“eu sou o candidato da lei e da ordem", diz Trump. Ou “America safe again”, “America great again”). Como o Brexit foi um "Great Britain great again"... O mundo de facto mudou e preparemo-nos para mais eventos e transformações inesperadas...
«Tontos são os que continuam a desdenhar Trump», alerta Daniel Oliveira, no sentido de que representa um perigo maior do que se pensa e não deve ser subestimado (nem sobrevalorizado...). «A incorreção política passou a ser um sinal de rebeldia e liberdade. O problema é que a franqueza politicamente incorreta tem custos. No caso de Trump, alienou o eleitorado hispânico, cujo voto é necessário para ganhar as presidenciais.»
(picture: pixabay)
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