O Secretário Regional da Educação, Francisco Fernandes, foi feliz na metáfora. Comparou o professor único, para leccionar as disciplinas básicas no 2º Ciclo (nova ideia do Ministério da Educação), ao canivete suiço.
Quando no 1º Ciclo se tem investido no sentido de quebrar a monodocência (professor generalista para todas as matérias), com a introdução de professores para as áreas de Educação Física, Música, Inglês, Informática, entre outras, o Ministério da Educação rema em sentido oposto no 2º Ciclo. Quer um professor pau para toda a obra, o tal canivete suiço. Quer-se , actualmente, melhorar os resultados na Matemática, com formação extra e especialização dos docentes, mas pretende-se que o professor que ensina e domina História, Geografia, Ciências Naturais, Inglês ou Português também ensine e domine com mestria a Matemática.
Sem conhecer-se mais detalhes, tudo indica ser mais uma medida economicista disfarçada (justificada) de medida educativo-pedagógica. A motivação e o objectivo são de cortar no número de professores para reduzir o peso salarial no sector da Educação (libertar verbas para o betão). Se a Educação não melhorar, em todo o caso o Ministério da Educação pode sempre alegar que é culpa dos professores (sejam generalistas ou especializados) e não das políticas que emana.
Se ainda fosse para colocar os professores das diferentes áreas do saber a trabalhar de forma cooperativa e interdisciplinar (isso não existe hoje porque é impossível implementar face à forma como o ensino e as escolas estão organizadas), em vez de cada um estar sozinho (solitário), na sua hora certa, dentro da turma certa a leccionar a sua matéria exclusiva, poderia valer a pena. Se caminhássemos, pedagogicamente, no sentido de algo como o projecto da Escola da Ponte, uma escola pública, na Vila das Aves, a funcionar, com sucesso, com outra organização desde 1976. Mas não é isso que acontece.
Ver mais sobre o assunto em Castelos no Ar, que chama a atenção para o estilo "quero, posso e mando" do Ministério da Educação, passando por cima da legalidade, se necessário.
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