«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

quinta-feira, junho 14, 2007

Episódio Cristiano Ronaldo

«O que fiz para não merecer descanso no "cantinho do céu"?»

O episódio à volta do Cristiano Ronaldo é típico de uma terra insular que padece de vários males endémicos, entre eles o "interesseirismo" de colar-se a tudo o que é poder e celebridade.

Se nem na sua terra pode ter uns dias de férias sem ser assolado por iniciativas interesseiras, que ainda por cima não respeitam as condições que estabelece, então talvez Cristiano Ronaldo aprenda e venha ainda menos dias à Madeira por ano. «Não me persigam mais» terá dito ontem. Pudera...

E a reacção de muita gente, também endémica, é de fazer julgamentos apressados e achar que Cristiano Ronaldo, por ser famoso e rico, está com manias de estrela, de superioridade, «faz-se de caro», é arrogante, despreza a sua terra e os conterrâneos ou que se acha melhor do que os outros.

Os complexos de inferioridade regional geram tais leituras. Num ápice, Cristiano Ronaldo passou de herói idolatrado a vilão desprezado, por certa gente. É assim que os madeirenses recebem quem retorna à sua terra e tem sucesso no exterior. Basta a mínima coisa para detonar a maledicência, a mesquinhez e a inveja perversas, que residem no substrato cultural desta ilha. Não há pachorra.

A salvação do Cristiano Ronaldo foi ter saído da Madeira há muito tempo, para poder crescer como pessoa e jogador profissional.

Males endémicos
Ainda os males endémicos

3 comentários:

  1. Os capitães donatários do Porto Santo andam nervosos: o Ronaldo & C.ª presta-se para investir na ilha.
    Pior que a demonstração de que é possível investir numa terra pequena, gerar riqueza e não mendigar 'exclusividades', 'expropriações de interesse público' e 'fundos por debaixo da mesa', é a ameaça cada vez mais evidente de que a estrela nem fixe o nome dos capitães e, muito menos, deixe-os meter as patas no bolo.

    Trocar um almoço servido num iate oferecido ao capitão-mor (toda a gente sabe por quem e porquê) por um picado na marina deveria ser uma prova da grandeza do Ronaldo, mas o órgão do regime preferido do Nélio assim não entendeu. Vai daí, ofereceu as suas páginas à indignação das sanguessugas (ou sanguesousas...) do costume.
    Perante a constatação de que a maioria não foi à bola com o DN, tentaram emendar a mão pela mão de um jornalista que o perseguiu o dia todo... poderia o DN-M ser ainda mais mesquinho? Aguardemos as dúvidas da arara para confirmá-lo.

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  2. Obrigado pelo comentário.

    Recordo o que já aqui se escreveu: «o peso e influência do normal acto de informar, dar notícias e de exprimir-se em liberdade é enorme [em especial num contexto socio-político monolítico como o da Madeira]. Ao ponto de conferir ao Diário a dimensão de principal "oposição". Ao ponto do exemplar do Diário ter sido retirado das instituições públicas, por decisão governamental.»

    O papel e o peso que o DN desempenha na sociedade madeirense não o torna imune a defeitos e ao contexto em que se insere, já aqui se disse. Não quer dizer que cumpra sempre o seu papel da melhor forma.

    É óbvio que, em vez de se andar a perseguir o Cristiano Ronaldo pelas ruas do Funchal, seria melhor conseguir uma entrevista a sério com o jogador, longe de todos os assuntos menores que têm sido objecto de notícia sobre o jogador, nos últimos dias. Alimentar certos assuntos secundários não cabe a um jornalismo sóbrio.

    Penso que o essencial já tinha sido dito no post. Somos a terra que somos.

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  3. É isso mesmo! Somos a Terra que somos. A terra que persiste em valorizar as mesquenhices, onde os interesses passam por cima de tudo e de todos e onde com orgulho se apregoa uma "Madeira Nova", onde afinal liberdade está associada a poder e que para quem não o tem é apenas uma palavra LINDA LINDA , mas não pode vivê-la.

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