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O Bispo auxiliar de Lisboa, D.Carlos Azevedo declarou à TSF que o ensino está, mesmo assim a atravessar uma boa fase, e espera que a «arte tão difícil de ser professor não seja aproveitada meramente para os fazer reagir a uma dimensão muito pequenina [menos relevante] que é a avaliação» do desempenho. Para ele, os professores estão a ser instrumentalizados.
É a velha história das forças comunistas a espicaçar o descontenatamento e a revolta nas massas. Esquece-se D. Carlos Azevedo e outros que seguem a mesma tese, que foram os docentes que reagiram negativamente ao entendimento a que chegaram os sindicatos com o Ministério da Educação antes do Verão último.
Foram os professores que obrigaram os sindicatos a tomar uma posição mais firme. Foram os professores nas escolas que formaram movimentos espontâneos de resistência como o MUP ou o PROmova.
É passar um atestado de menoridade e ingenuidade aos professores, como se fossem facilmente arrebanhados. Ainda por cima quando estamos a falar acima de 80 por cento dos docentes em Portugal.
Não se esqueça que há gente no Governo que tem por objectivo «quebrar a espinha» aos sindicatos, os representantes dos trabalhadores. É natural que atitudes destas vão gerar resistência e revolta. Há demasiadas feridas provocadas pela arrogância e a prepotência de quem governa.
Concordo que a avaliação do sempenho dos professores não é a questão mais importante na Educação. Este Governo da República é que lhe deu tamanha importância porque quer cortar nas condições de trabalho (vencimento e carreira), ao ponto de a vender à sociedade como solução dos problemas da Educação.
Há outros temas importantes, como já escrevemos, incluindo chamar à responsabilidade outros intervenientes no processo educativo das crianças e jovens: Razões da greve de quem ninguém fala, Complexos da esquerda = facilitismo ou Bofetadas e ricos de ingratidão. Quem quer sacudir responsabilidades deseja que o tema da avaliação se mantenha teimosamente na agenda mediática, para iludir a opinião pública.
O Bispo auxiliar de Lisboa também declarou que cabe aos pais a obrigação de educar, aludindo à desresponsabilização de certos actores, incluindo os alunos, e à delegação na escola de funções e responsabilidades que não lhe cabem.
Em Abril passado, o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa disse: "É muito difícil ser professor, dado o contexto económico, social, o multiculturalismo, a falta de identidade, a falta de uma fundamentação antropológica do sistema educativo".
Sobre o actual momento da polémica avaliação, concordo com a sensatez do Terrear:
«A questão já não é a do modelo que resta, mas do modelo a instituir no futuro próximo. Fazer finca-pé do modelo que resta (quer por parte do ME quer por parte dos sindicatos) é uma perda de tempo, energia e credibilidade.»
«Ainda bem que a realidade se acabou por impor ao Diário da República. Só foi pena que se demorasse um ano a reconhecer isso.»
«A maior divisão na classe docente fez-se através da criação das figuras de professor e de professor titular. Essa é que é a marca maior da fractura. E teria sido aceite com mais ou menos resistência dos professores se esse processo tivesse sido justo. O problema é que não foi.»
«A “fabricação” dos professores titulares foi um desastre e vive-se hoje as consequências deste erro.»
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