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sábado, dezembro 06, 2008

Professores de luto e em luta 141: complexos da esquerda = facilitismo

Os complexos e tabus do centro e da esquerda, relativamente a certos aspectos ou valores educativos, está na origem da balda e do facilitismo reinante nas escolas portuguesas, incluindo a Madeira.
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Há assuntos que personalidades e instituições ligados à educação (incluindo os professores, sindicatos e o Ministério da Educação) têm dificuldade em discutir de forma aberta, porque é politicamente incorrecto e incómodo. O facilitismo, a atitude negativa do estudante perante o trabalho, a indisciplina e a violência nas escolas estão entre esses assuntos complicados de abordar. São tabus para um dado posicionamento ideológico-cultural.

O CDS-PP, desde a primeira hora, sempre foi contra a contabilização dos resultados dos alunos para a avaliação dos professores, ciente não só da dificuldade técnica de aplicar tal critério de forma racional e rigorosa, como também por ser um partido de direita, que não pactua com os complexos de direita da esquerda (mesmo da esquerda social-democrata do Governo de Sócrates) que teimam em dar lastro ao facilitismo relativamente a estudantes e pais, no peso que a sua acção ou inacção têm no sucesso ou insucesso/abandono escolar.

A mão de ferro deste governo é só para os professores. Os restantes actores são desresponsabilizados, estando o CDS-PP, sem complexos, contra tal laxismo e facilitismo, como se o sucesso dos estudantes não dependesse, em larga medida, da sua disciplina, da sua atitude perante o trabalho intelectual (escolar) e da socialização/valores cultivados no meio familiar.

Não se desresponsabilize os indivíduos no papel que têm na condução do seu destino. A culpa não está toda no exterior, na sociedade, no outro. O indivíduo não é um joguete. Quem aprende tem de empenhar-se. Não há pedagogia que faça um estudante aprender se este não trabalhar e não estudar. Não se pode dar água a um cavalo que não tem sede.

Daí este governo negar a violência, a indisciplina e a falta de empenho dos estudantes nas escolas portuguesas. É como se estas realidades não tivessem peso nos resultados escolares, como se não obstaculizassem o processo de ensino-aprendizagem. Pensam que o professor pode, através da pedagogia, vencer estes problemas que o ultrapassam em grande medida, como se fosse um semi-deus capaz de resolver os problemas socio-culturais e económicos dos estudantes a montante da sala de aula.

Mais do que motivos para aprender (motivação), é preciso educar a vontade de jovens dolentes, viciados em inércia e facilitismo de toda a ordem, por uma sociedade que deixou de valorizar o trabalho como trave mestra do sucesso na vida.

Porque pensam que trabalho, rigor, disciplina e esforço pessoais são valores fascistas...

Quando se fala tanto em questões relacionadas com a carreira dos professores, há quer perceber que a realização profissional dos docentes não está sobretudo nas questões salariais mas sim nas condições de trabalho nas salas de aula e no reconhecimento do seu esforço e trabalho no dia-a-dia.

O problema é que os professores se arriscam a não ter nem boa carreira/salário, nem condições de realização profissional. Este é o grande drama. Lixados e mal pagos.

O mal-estar na profissão promete agudizar-se com muitas das políticas do actual governo, que não estimulam a realização profissional e, ainda por cima, querem pagar salários menores (ao mesmo tempo que se exige mais e melhor dos agentes de ensino).

Mas, a avaliação do desempenho dos professores é também uma oportunidade (perdida se não for mais formativa do que punitiva - tendo em vista sobretudo o tal corte cínico dos salários), no sentido em que depois de a qualidade dos docentes ser "controlada" se concluirá que o sucesso escolar não melhorou significativamente. Aí o sistema e a sociedade vão ter de pedir responsabilidades aos outros actores envolvidos e determinantes para o processo de ensino-aprendizagem: estudantes, encarregados de educação, organização e liderança pedagógicas das escolas e políticas educativas. Terão ainda de reconhecer e contar com o peso das circunstâncias socio-culturais e económicas exteriores à escola.

Recorde-se:
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