«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

terça-feira, dezembro 02, 2008

Professores de luto e em luta 128: greve preventiva na Madeira

A grave de professores na Madeira justifica-se por razões preventivas, além da solidariedade corporativa com os docentes de Portugal continental.

Para além do valor da solidariedade, a adesão por parte dos professores a trabalhar na Madeira à greve nacional agendada para o dia 3 de Dezembro justifica-se por razões preventivas, como explicitou o Sindicato dos Professores da Madeira: "mostrar que não querem um modelo de avaliação sequer parecido com aquele que foi 'oferecido' a nível nacional".

A aparente normalidade e tranquilidade nas escolas da Região, reforçada pelo oportunista Bom administrativo - devido ao facto de o Governo Regional não ter legislação pronta e regulamentada - não deve fazer com que os docentes na Madeira menosprezem o que lhes vai cair em cima, em breve. E o Bom poderá significar adiamento na carreira.

É bom lembrar a prova pública ao 6º escalão, que divide a carreira em duas categorias, no ECD regional, e que funciona ainda como um sistema de quotas ou de restrição do acesso aos escalões mais altos, incluindo o topo da carreira. Se fosse inútil não teria sido criado este mecanismo ou filtro administrativo. É preciso não esquecer também aquele chumbo pelo PSD-Madeira da contagem do tempo de serviço congelado. Há docentes que teimam em não ver isto... Recorde este Governo Regional amigo dos fumadores e inimigo dos professores.

Mais um vez, oportunisticamente, a governação regional aguarda o que se vai passar ao nível nacional, em termos da avaliação do desempenho, para então o copiar, como copiou o Estatuto da Carreira Docente, com algumas "inovações" ou " especificidades madeirenses" como aquela de, ao contrário da legislação nacional, não prever a avaliação dos órgãos de gestão das escolas. Por serem, cá, cargos de confiança política, como foi explicado...

Talvez por o desconhecer, o presidente do Governo Regional disse, recentemente, que «Não haverá comissários políticos nas escolas da Madeira», nem «mecanismos de controlo marxista».

Veremos se as opções da governação do PSD Madeira serão diferentes da muito criticada (por parte dos social-democratas madeirenses) política educativa do governo socialista de José Sócrates.

Cuidado com o que aí vem, apesar do que é afirmado: "Anda-se a examinar e a avaliar os professores com critérios que merecem repúdio generalizado do país e, por outro lado, diz-se que os meninos podem passar todos sem serem avaliados" (Alberto João Jardim, Diário 22.11.2008).

Disse-se ainda: "avaliarem-se uns aos outros dá um ar de comissários políticos e de poder popular dentro das escolas e isso comigo, não". Vai no sentido da avaliação externa das escolas, como defende o PSD nacional, que pode ser muito pior do que a avaliação dentro da escola. A avaliação dos professores pode e deve ter uma componente externa, mas não deve ser feita apenas por entidades exteriores, fora do contexto da escola e da prática docente.

Mais uma vez, cuidado com o que aí vem para os docentes na Madeira. Cai à segunda quem quer.

7 comentários:

  1. Só lhe faltou dizer que por cá não temos cotas que é o grande motivo de descontentamento para os colegas do continente. Se esse ponto for crucial é justo referi-lo. No resto, estou de acordo.
    abraço

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  2. Viva.

    Não sejamos ingénuos. A prova para aceder ao 6º escalão divide os professores em categorias diferentes e funciona como o mecanismo de quotas (tampão). É outra forma de alcançar a mesma coisa. Só se o Governo Regional não quisesse... mas já tem demonstrado que copia tudo o que faz o governo de Sócrates em termos educativos.
    Saudações e boa greve.

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  3. Olá Nélio,
    A não existencia de cotas é a diferença toda. O que o Nélio pressupõe é que a subida ao 6º escalão funciona como tampão, mas a menos que tenha uma bola de cristal, o que é que lhe permite saber acerca disso? Em termos de cópia, não tenho conhecimento que o governo regional copie tudo. O que existe é uma constituição para cumprir, quer estejamos na Madeira ou em Bragança. No geral este ECD, como o anterior, são uma bela duma cagada de um ministério autista e de uma classe que andou anos no deixa andar.

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  4. Não tenho uma bola de cristal, mas há sinais e modos de operar bem conhecidos...

    Não perdemos por esperar. Seja agora ou no futuro, o tampão que constitui a transição ao 6º escalão deixa todas as possibilidades para impedir o acesso de muitos docentes ao topo da carreira. Além de os dividir em categorias. Não é preciso chamar titular ou outra coisa qualquer.

    Abraço.

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  5. Nélio,
    Não sei se tem razão ao promover uma "greve preventiva". Por que razão essa greve preventiva não aconteceu antes no continente? Por que razão não fizeram os sindicatos greve porque os professores tinham um ECD quase não regulamentado? Por que razão não se manifestaram os professores quando os sucessivos governos - e este ainda mais - resolvem dar cabo dos programas, exames nacionais, substituição de disciplinas como física por disciplinas como TIC, etc...? Onde andavam os professores e os sindicatos? Aliás os professores opõem-se ao ECD mas continuam a colaborar com as políticas do eduquês. E os sindicatos também! Sim, é verdade, pode acontecer o que o Nélio diz. Mas pode acontecer tudo desde que as pessoas estejam caladinhas e não se empenhem em ser mais responsáveis e profissionais. Pode acontecer mesmo tudo, já que tudo está nas mãos do ministério. Porque nós e os nossos sindicatos deixamos que esteja e só reclamamos quando nos vão ao bolso.

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  6. É verdade. As pessoas só se mexem quando sentem o peso em cima das costas. Sobretudo quando lhe vão ao bolso. Mas, os professores na Madeira deveriam impressionar-se um pouco com o que está a acontecer no resto do território e agir em tempo útil.

    Abraço : )

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  7. Correcto Nélio, mas as greves não se fazem com o que pode vir a acontecer mas com o que realmente acontece. E o Nélio invocou que o estatuto regional tem um brecha que poderá permitir a divisão. Mas ainda não acontece tal coisa. A não ser por solidariedade (o que é uma causa talvez maior que todas as outras que indicou) não vejo qualquer razão para a greve na região.
    abraço

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