«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Batata quente passada ao «Sr. Silva»

Cavaco Silva poderá ser o próximo protagonista da novela da LFRA.
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Pelos vistos o Governo de José Sócrates prepara-se para passar a batata quente da Lei de Finanças das Regiões Autónomas para o Presidente da República, a que o líder madeirense chamou de «Sr. Silva» certa vez. A oposição aprova hoje a nova lei na generalidade e depois poderá ser vetada em Belém. Há quem acredite que existe um entendimento entre o Presidente e o Governo nesse sentido.

Tudo indica que interessou ao Executivo nacional dramatizar nesta questão que envolve 0,03 do PIB português. Com os argumentos habituais de que a Madeira é rica, temos ouvido repetidas vezes, quando se sabe que a riqueza per capita está em muito inflacionada pela Zona Franca da Madeira.

É pena que se faça tanto alarido por causa 50 milhões de euros, quando correm rios de dinheiro dos contribuintes para cobrir os défices de diversas empresas públicas portuguesas (CP com défice de 3,1 mil milhões ou o altamente deficitário Metropolitano de Lisboa). Note-se que isso não justifica que a Madeira siga a má gestão e o despesismo de algumas dessas empresas.

«Como é que pode pedir um endividamento nacional de 17 mil milhões de euros e depois inventa uma crise por 50 milhões que é metade dos empréstimos concedidos pelo Governo de Sócrates no ano passado?», questionou hoje Paulo Portas no Parlamento.

Este processo tem dado enorme protagonismo político à Madeira, que está a aproveitar a circunstância da maiora relativa do PS para conseguir o que não conseguiu na aprovação da LFRA actualmente em vigor. E tem do seu lado os restantes grupos parlamentares, o que significa alguma coisa. Será que todos os partidos se tornaram irresponsáveis e o PS é o único responsável? É mais uma questão política do que financeira.

Será que o Governo quer mesmo provocar eleições antecipadas a ver se consegue uma maioria, se não absoluta pelo menos mais confortável? Será que a LFRA serve de cortina de fumo para secundarizar os problemas do desemprego, da dívida do Estado e da estagnação económica?

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