É recorrente esta ideia de que boa música existia apenas antigamente e que no presente há um deserto criativo. É uma ideia destrutiva do consumo de nova música e faz com que a indústria aposte em sacar o dinheiro dos melómanos de meia-idade com os regressos (numa manifesta falta de gosto) dos grandes do passado.
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«Infelizmente, as coisas boas da música estão a desaparecer», disse ao Diário Marino de Freitas, músico e compositor madeirense, a ropósito da morte de Michael Jackson.
É recorrente esta ideia de que boa música existia apenas antigamente e que agora, no tempo presente, há um deserto criativo. É uma ideia destrutiva do consumo de nova música.
Isto mais não é do que as pessoas a serem ultrapassadas pelo tempo e a ficarem presas, saudosística e nostalgicamente, à música que ouviram na juventude, fechando-se à música nova que sai todos os dias. A idade tende a tornar as pessoas conservadoras.
Eu gosto, ouço e redescubro grandes artistas do passado, mas não passo a maior parte do tempo a ouvi-los. Não devemos cegar para o presente e futuro, cheios de possibilidades e talentos.
Aliás, as editoras estão a ler bem a nostalgia de uma determinada geração e a apostar no regresso de grandes bandas do passado, para sacar o dinheiro a esses fãs de meia-idade com poder de compra. O que é legítimo, ainda por cima se as duas partes ficam felizes.
Tais regressos, na moda, não fazem sentido ainda pela destruição de mitos ou lendas que provocam e, na maioria dos casos, fazem figuras tristes de si próprios, numa prova de enorme falta de gosto, não conseguindo igualar as performances e a criatividade do passado. Tudo tem o seu tempo.
A destruição da lenda chamada Michael Jackson foi evitada com a sua morte. O seu desparecimento precoce impossibilita o regresso, para o qual são pressionados muitos artistas, que já deveriam estar na reforma ou a dedicar-se a outro tipo de projectos.
No caso do autor de Thriller, parece que a pressão do regresso terá contribuído para a sua morte. A sua saúde precária sofreu a derradeira pressão. Os lutadores têm de ter uma mente sã e um corpo são. Sem saúde e robustez (mental, física, emocional) é difícil sobreviver à enorme exigência da celebridade que conhecem os grandes artistas.
Randy Phillips, chefe executivo da promotora AEG Live, disse "I would trade my body for his tomorrow. He's in fantastic shape", quando desmentia, em Maio útlimo, os rumores sobre a fragilidade da saúde de Michael Jackson.
Os saudosistas e nostálgicos, que compraram os bilhetes para os 50 concertos, contribuíram para o aumento da pressão sobre a lenda da Pop. Espero que tenham a decência de não chorar o dinheiro do bilhete... 800 mil foram vendidos em cinco horas.
Pressão?!
ResponderEliminarPara o homem que bateu recordes de vendas de discos, inantingiveis até hoje?!
Não me parece...
Não há só um deserto criativo, também cultural.
O sucesso deste nível traz sempre uma pressão enorme. O deserto criativo apenas acentua a pressão sobre o artista, na medida em que sofre quando não corresponde às expectactivas que lhe são exigidas. Ao ponto de, pelos vistos, colocar em risco a sua saúde. Sem contar com os problemas financeiros, uma outra pressão no sentido de fazerem-se mais concertos.
ResponderEliminarA pressão ( isto até me parece uma palavra demasiado ligada ao futebol... )no caso do Michael Jackson infelizmente começou com um pai que o via como sustento da família , chegando ao ponto de o agredir fisicamente para que tivesse uma melhor performance musical ,passando por uma sociedade sempre receptiva a aceitar ''maluquices'' desde que sejam feitas por celebridades , terminando nesse idiota desse promotor que depois do que disse sobre a saúde do artista , tem de ser obrigado a devolver o dinheiro de todos os bilhetes que vendeu , o que já li lhe dará um prejuízo de muitos milhões e do qual não tenho pena nenhuma ! Em relação à frase feita de ''a melhor musica era de antigamente'' só prova que há imensa gente que não quer que as coisas evoluam e que se contentam com mais do mesmo .
ResponderEliminarJacinto Gouveia