No seguimento da reacção do presidente do Governo Regional a artigo publicado na página 3 do Diário de Notícias da Madeira de 18 de Agosto, o director do jornal responde hoje com a manchete "Estado de Direito posto em causa".
Depois de vermos o filme "Good Night, and Good Luck", pensa-se que está extinto o jornalismo guiado por causas e valores - verdade, democracia, liberdade, bem comum, coabitação de ideias e pontos de vista divergentes -, mas eis que que surge um novo "murro na mesa" (recorde os anteriores nos links em rodapé), um grito de que "o rei vai nu", por parte do director do Diário de Notícias da Madeira, em nome da liberdade de imprensa, da democracia, do esclarecimento e interesse públicos. Esses "murros" só acontecem porque a Madeira vive um momento muito particular. Um momento muito sério, melhor dizendo. Que não é novidade. Já há muito que muitos outros clamam que o «Estado de direito está em défice.»
Citemos algumas passagens, em que se destaca também o exercício de memória para expor as contradições:
«Impõe-se a conclusão de que não há Estado de direito. Porque: ou é verdade o que o Chefe do GR diz e jornais como este o perseguem continuadamente, o que é crime; ou não é verdade e o Presidente faz acusações sem as provar, quando, ao contrário, o autor de "ofensas" ao Presidente é levado a tribunal. Equação para a Justiça resolver de uma vez por todas.»
«[Alberto João Jardim] já director do Jornal da Madeira, defendia com afinco a "liberdade de imprensa", a seu ver "um dos terreiros da luta por um futuro digno".»
«Jardim [...] avisava para o perigo da tentação de instaurar "verdades oficiais" de estilo totalitário. Assim escrevia na "Tribuna Livre" do JM, onde defendia o pluralismo informativo como garante do "exercício das liberdades".»
«Em Março de 1978, Jardim passa do Parlamento para a Presidência do Governo Regional. Na prática, é o salto da Comunicação Social para o Poder, já que deixa a Direcção do JM. Sem perda de tempo, faz aprovar na Assembleia o decreto regional número 17/78/M de 29 de Março que lhe permite obrigar todos os órgãos a publicarem as suas "notas oficiosas". Na íntegra e em tempo útil.»
«Agora mesmo, foi lançada para cima da mesa a ameaça de um corte de negociações empresariais entre administrações de jornais... por causa do trabalho editorial. Se existe, o Estado de direito está em défice.»
Só faltava dizer, «good night, and good luck», expressão imortalizada pelo jornalista Edward R. Murrow, tema do filme de George Clooney, mostrado na Madeira (Cinemax) este ano.
Vide ainda ainda os posts 33 e 34 de Março, o post 52 de Abril e o post 102 de Maio neste blog sobre e/ou a respeito de "Good Night, And Good Luck", em que se incluem outros "murros na mesa" do director do Diário de Notícias da Madeira, num curto espaço de tempo.
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