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O Governo aprovou hoje o decreto que procede à revisão (subversão e destruição) do Estatuto da Carreira Docente (a versão inicial tinha o nome de Regime Legal da Carreira do Pessoal Docente... simbólico da atitude de desvalorização), um diploma que não mereceu uma verdadeira negociação e teve o desacordo de todos os sindicatos do sector. Vamos a ver como será a sua aplicação no terreno já que o diploma precisa dos professores, que a ministra hostiliza, para ser aplicado. O que nasce torto... A ministra confia no seu cumprimento, mas não poderia dizer outra coisa...
Diz que o novo Estatuto da Carreira Docente serve para «premiar o mérito dos melhores professores», «diferenciar, recompensar e dar maiores responsabilidades aos melhores professores, defendendo a escola pública» quando sabemos que os excelentes e muito bons vão continuar exactamente a ganhar o que já ganham hoje, só que sofrendo uma intensificação do trabalho e sendo remetidos para o trabalho burocrático. Então o mérito não se recompensa? A recompensa é a desgraça dos outros, incluindo os excelentes e bons enfiados na prateleira? Grande motivação para ser excelente, não há dúvida... Defender a escola pública? Quando e onde a precarização laboral e a degradação das condições laborais (que se reflectem nas condições de ensino-aprendizagem dos alunos... ou acha que não tem nada a ver?) dos profissionais da Educação serviu a melhoria da escola pública? Como se melhora o ensino colocando os professores avaliados como excelentes e muito bons, no trabalho pedagógico com os alunos, note-se, a desempenhar tarefas burocráticas? Retirar os bons professores da tarefa de ensinar e educar em que melhora a educação?
Maria de Lurdes Rodrigues reconheceu haver «descontentamento» mas considera que «nas escolas há actualmente um clima tranquilo e de trabalho». Só se for aparente, uma paz podre... Ainda há pouco tempo tentaram subornar os sindicatos (ver aqui), com benesses para os dirigentes sindicais, desde que em troca fossem para as escolas apaziguar/serenar os professores e resolver o clima de luta contra as propostas do Ministério. Agora, de repente, os professores acalmaram... Tanta demagogia e manipulação...
A recordar:
- Professores de luto e em luta 23: absurdo pensar que os poderiam «esmagar»
- Professores de luto e em luta 24: «não sabem - ou não querem saber - o que é ser professor»
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