«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

sábado, janeiro 13, 2007

O outro lado do recorde do Guinness 7

Estrondo na Assembleia da República: PSD-M chamuscado e com zumbidos nos ouvidos teve ainda de apanhar as canas.

«Título do fogo-de-artifício deixa PSD-M 'chamuscado'» é a frase que intitula notícia do Diário (12.01.2006), que vem em boa hora sustentar a pertinência da questão levantada em o outro lado do recorde do Guinness, neste blogue, sem nunca se colocar em causa a qualidade, beleza e importância do espectáculo pirotécnico para o turismo da ilha.

Por cá, no meio da euforia provinciana, embevecidos entre o fogo e o recorde, terão sido poucos os que relativizaram a apregoada maravilha do recorde no Guinness. E entre os poucos que caíram em si e na realidade, a maioria remeteu-se ao silêncio, não deu a a cara, pelo seguro, para não arriscar ser chamado de "anti-autonomista"... Ir contra uma onda de povo anestesiado é perigoso. Mas, depois desta reacção na AR, surgirão por cá mais vozes a "bater no ceguinho", isto é, a subscrever a relativização já feita do recorde do Guinness...

Além de "chamuscado", o PSD-M sai com zumbidos nos ouvidos ao lhe rebentar um petardo (proposta) nas mãos. «O voto de congratulação na Assembleia da República caiu mal até na bancada laranja por causa da falta de dignidade do Guinness», diz a notícia citada, acrescentando: «o título de "maior espectáculo pirotécnico do Mundo" atribuído pelo livro dos recordes, que motivou a apresentação da proposta social-democrata madeirense, (...) esteve na origem de uma saraivada [girândola...] de críticas. Vieram de todos os lados, inclusivamente da própria bancada.»

Resultado: o texto da proposta madeirense teve de ser exorcizada das menções ao recorde do Guinness, que motivou a inebriante euforia nos madeirenses, dos mais aos menos pensantes. A «falta de dignidade do livro dos recordes, no entender da generalidade dos grupos parlamentares e entre uma série de deputados do PSD, acendeu o rastilho da controvérsia», continua a peça do Diário. Havia partidos na AR que tinham já avisado que votariam contra se o Guinness fosse mencionado - «sem contestarem a importância do espectáculo pirotécnico para o turismo da Região, puseram em causa foi a dignidade da distinção do 'Guinness'. É que o livro dos recordes, de acordo com uma das ilustrações feitas, distingue igualmente "a maior salsicha do Mundo".» Deixamos a principal ilustração feita pelo Olho de Fogo na altura (desculpem os leitores mais sensíveis) AQUI.

A proposta dos social-democratas madeirenses, um estouro pela culatra, ficou esvaziada sem a menção ao tal recorde do maior fogo-de-artifício do mundo. Não só rebentou, no solo, o foguete (brilharete), como também os deputados do PSD-M tiveram de apanhar as canas.

Sublinhe-se que o espectáculo pirotécnico da Madeira foi considerado o maior (quantidade) e não o melhor (qualidade) do mundo, segundo o Guinness. Embora o presidente do Governo Regional tenha dito, no dia 2 de Janeiro (Diário) que as despesas efectuadas com o fogo-de-artifício «têm um mérito e uma qualidade» reconhecidos ao nível internacional. Como os homens, os fogos-de-artifício não de medem aos palmos... Até por aqui se relativiza o recorde.

O presidente do Governo disse ainda, no mesmo dia 2 de Janeiro, que já estavam a «cair marcações» de pessoas que já demonstram interesse em assistir ao maior espectáculo pirotécnico do mundo. Falta ver que tipo de turistas o recorde madeirense, no livro com «falta de dignidade», trará à passagem de ano na Madeira... Será que aí vêm patas-rapadas?

(imagem: jainworld.org)

6 comentários:

  1. A propósito de fogo de artifíco. Parece anedota mas não é!
    Descobri Sexta-Feira passada que o Alberto João não fuma charutos em reuniões por gostar ou por razões de marketing político mas porque...advinhem lá !?

    Já não se pode confiar nos médicos...nem nos beneficiados pelo regime...especialmente quando bebem...

    O Alberto João tem um grave problema de saúde...peida-se com frequência e a nível olfativo de forma pooco discreta...o charuto é sacado sempre que ele sente que vem ai uma ventania mal cheirosa...por isso é que a sua técnica de fumar é tão fumarenta...

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  2. Não gostei do "Por cá, no meio da euforia provinciana, embevecidos entre o fogo e o recorde, terão sido poucos os que relativizaram a apregoada maravilha do recorde no Guinness." Você está acima de quem? Como foi a sua passagem de ano?? Terá sido em casa, curvado sobre o teclado à procura de mais "senõezinhos" no sistema?

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  3. Obrigado pelo ponto de vista Madalena, embora seja mais um exemplo de uma reacção endémica, como se nada pudesse destoar no "perfeito" «cantinho do céu»...

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  4. Tanto quanto me é possível avaliar está acima de si, Madalena (mais tarde Arrependida). Pelo serviço público que presta neste Blog, sem qualquer contrapartida, o Sr. Nélio de Sousa faz mais do que muitos indivíduos que por ai andam em bicos de pês. Uma loja especializada em equipamento para bailarinas seria um sucesso.

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  5. O que não gosto é que o dedo inquisidor aponte, invariavelmente, para o mesmo lado do sistema.
    Os "bicos-de-pés" de que o/a amsf fala existem a rodos e estão espalhados por ai, na Assembleia e no seu "dolce fare niente", estão dentro de bombas estacionadas em lugares pagos pelo erário público, nas inaugurações, nos tachinhos dados num só departamento a vários membros da mesma família, existem dentro das escolas, no m2 em redor do Presidente, etc, etc, etc ...
    Contudo, existem aqueles que, sem terem andado em bicos de pés, não seriam o que são hoje se não fosse o apoio dado pelo Presidente do tal "cantinho do céu" de que fala o Sr. Nélio.
    A mim, mais do que as verbas gastas no fogo-de-artifício, incomodam-me as verbas mal gastas em subsídios de reinserção social sem que se peça nada (de válido) em troca. Incomoda-me a gratuitidade das Actividades extracurriculares para todos. Incomoda-me que a oposição critique as vias-rápidas e as use em detrimento das estradas regionais. Incomodam-me as inaugurações com o povinho, cheio de fominha, a meter os restos dentro de sacos de supermercado. Enfim, incomoda-me que se dê muito e se exija pouco em troca na educação, no ensino, nas ajudas e até no voto.
    As minhas reacções serão sempre endémicas ... ou não fosse eu nascida e criada neste cantinho do céu de que tanto gosto. Mas as terras de Sua Magestade ou até a casa do Tio Sam estarão sempre ao dispor que quem achar que lá se faz mais e melhor.

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  6. Ora viva. Proponho que abandonemos o formalismo do "senhor".

    É verdade que ninguém está acima da crítica. Não poderia ser de outro modo. No tópico "Madeira endémica", tem-se escrito em várias direcções e não apenas visando quem está mais exposto pelo facto de gerir os assuntos públicos (anti-ninguém I, II e III). Mas, quem governa não está acima do erro ou da crítica.

    Recorde-se que, na tomada de posse do Governo Regional, em 2004, o presidente do Executivo disse que era preciso «expurgar, de vez, males endémicos da sociedade madeirense, como sejam a inveja, o gosto pelo maldizer, a não distinção entre qualidade e mediocridade, entre o principal e o acessório.»
    Não poderia estar mais em sintonia com estas palavras. E do conceito de «sociedade» não estava a excluir os políticos.

    Mas há outros males ou hábitos como o de equiparar a crítica a um «acto político-partidário», ao «estar contra», ao «maldizer», ao «bota abaixo» e ao «ataque», mesmo que a crítica seja um acto cívico e esteja devidamente FUNDAMENTADA. Tudo o que se mexa é ataque e anti-Madeira. A tolerância e o respeito pelas minorias são valores espezinhados. Todavia, quem critica (o que pensa estar mal, com honestidade intelectual e responsabilidade cívica) ama a sua terra e as suas gentes porque deseja mais progresso, felicidade e bem estar.

    Outra reacção típica perante a crítica é dizer «se estás mal, muda-te», isto é, "vai-te embora da Madeira porque aqui não há lugar para pessoas como tu". Como se gostar do "cantinho do ceú" tivesse de ser igual a aceitar qualquer estado de coisas. A comer e a calar. Sabemos que o incentivo é para não fazer ondas, não perturbar a inércia, os brandos costumes e a paz podre.

    Assim, nunca haverá a emancipação cívico-cultural, que a Madeira precisa como de pão para a boca.

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