Mais do que continuar o ping pong de números, é preciso que uma entidade independente esclareça o real nível de insucesso, no ensino secundário, entre 1997 e 2004.
Como diz o secretário regional da Educação, Francisco Fernandes, a população madeirense merece uma clarificação sobre os números do insucesso escolar no ensino secundário.
Os cidadãos não podem ficar apenas pelo ping pong de números (e ainda picardias pessoais e politizações), nos jornais, entre a tutela e a investigadora da UMa. Sem mais dados, fica-se por não saber onde mora a verdade. O assunto não fica esclarecido. Tudo tem de ser suportado, evidenciado, porque o cidadão não deve decidir a sua posição por critérios de simpatia ou de fé.
O jornalismo não pode dar voz apenas às partes envolvidas. Tem de haver um esforço de leitura e interpretação, de contextualização, de aprofundamento, de memória, de descodificação e desmontagem (rigorosa e objectiva) dos factos - diferente de opinar - com os olhos postos na salvaguarda do direito que tem o público à informação, sem subterfúgios.
Independente do normal "puxar a brasa à sua sardinha" por cada uma dessas partes, que fazem valer os seus interesses e pontos de vista.
O leitor tem de ficar ao corrente de tudo o que está subjacente a um assunto e não apenas assistir ao que dizem as várias partes num dado momento.
São estes os números que a Secretaria Regional de Educação contrapõe hoje aos dados avançados pelo estudo de Liliana Rodrigues (seguir este link - retirado do Com que então - para documento com parte desse estudo, no total de 50 páginas) do Centro de Investigação em Educação da Universidade da Madeira:
«Saída Precoce - indivíduos dos 18 aos 24 anos que saíram da escola antes de completar o secundário (12º ano)". Na RAM, em 2001, o valor encontrado foi 50%.
Se considerarmos a demografia populacional na RAM desse mesmo Censos verificamos que o número de jovens nessas idades (3881+3942+3884+3803+3655+3774+4137) totalizará 27.076 jovens. Dos quais metade indica ter concluído o ensino secundário.
Se metade dos jovens conclui o ensino secundário, então não o concluirá a outra metade. Assim, por cada ano lectivo considerado, aproximadamente 1.995 jovens sairão do sistema sem concluir o ensino secundário.
De 1997/1998 a 2004/2005 somam-se 8 anos lectivos que, a multiplicar por 1.995, nos darão menos de 16 mil jovens. Compare-se este valor com os 114.174.
Quanto aos alunos que não se matriculam no secundário, poderemos afirmar que não o farão os que não concluem o 9º ano. Extrapolando o índice para a faixa etária dos 15, 16, 17 anos (idades de 1ª matrícula no ensino secundário), concluímos que cerca de 1.170 não se matriculará nesse nível de ensino. Em 8 anos lectivos chegaremos a menos de 10 mil jovens. Compare-se este valor com os 79.911 do estudo.»
[Diário 18.07.2008]
Recorde-se:
Ainda a polémica dos números do insucesso do ensino secundário na Madeira
«Apostar a sério na educação», para quando? (independentemente de percentagem de insucesso ser uns pontos mais acima ou mais abaixo)
Capitulo 3 divulgado. Análise da SRE:
ResponderEliminarhttp://www.madeira-edu.pt/drpre/DRPRE/tabid/415/ctl/Read/mid/2175/NoticiaId/1908/Default.aspx
Afinal não são uns pontos acima ou abaixo...
E alguma coisa vai mal lá para a UMA...