Há quem procure defender o indefensável para prestar vassalagem e beijar a mão que lhe dá de comer. É preciso denunciar e desmascarar os vendilhões e bufarinheiros do nosso património natural, que só o silêncio dos submissos anestesiados encobre.
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O ex-director regional do Ambiente e bastonário da Ordem dos Biólogos, Domingos Abreu, refere ao Diário deste dia que o teleférico projectado para o Rabaçal, imagine-se, «dá e reconhece valor à Natureza», ao património natural.
Isto é de estoirar à gargalhada. Só nesta terra este tipo de declarações surreais, porventura alucinadas (ao nível das opiniões de uns taxistas de turismo, segundo a reportagem do Diário de anteontem, para os quais o problema não está em «estragar a natureza», mas no bolso dos turistas: "O turismo que nos visita perdeu poder de compra e isso é cada vez mais visível, porque não quer gastar quase nada. Não é uns cabos que acabam com a natureza."), é possível passar como credível.
E ainda se invocam em vão conceitos na moda como a sustentabilidade.
Para este senhor, a Natureza não deve ter apenas um «valor contemplativo», como se o teleférico não fosse trazer, precisamente e sobretudo, mirones "contemplativos", ainda por cima pendurados à distância, sem pisar o chão por causa dos sapatos altos ou de sola seca, ou prostrados no restaurante-bar panorâmico de arquitectura ultra-moderna, a tomar coktails.
Os actuais visitantes não vão ao Rabaçal apenas contemplar. Vão interagir com a natureza, vão fazer caminhadas, vão buscar paz de espírito e bem estar interior.
Como não poderia deixar de ser, surge sempre o factor de «criação de riqueza e de emprego» para justificar tudo. É tudo traduzido em dinheiro ou em jogadas eleitoralistas, como a estrada do Fanal, que Domingos Abreu refere como suposto bom exemplo, mas que era perfeitamente escusada. Os prejuízos não se fazem sentir logo.
Outra gargalhada surge quando refere que é preciso «fazer as coisas com cuidado», para não dar cabo da «galinha dos ovos de ouro», não percebendo que são estes projectos surreais que estão a arruinar a experiência da ilha por parte dos turistas, que pagam para vir à Madeira e visitar locais únicos como o Rabaçal, um verdadeiro templo natural.
É preciso denunciar e desmascarar os vendilhões e bufarinheiros do nosso património natural.
Sabemos a quem prestam vassalagem certos opinadores: Reacção do [então] director regional do Ambiente ao documentário que ninguém ainda viu
Quem serão os «cidadãos criminosos»?
Certamente uns surfistas ambientalistas, que fizeram um filme sobre a desgraça que inflingiram à frente-mar do Jardim do Mar. Jamais os autores de "promenades" e teleféricos descaracterizadores da autenticidade, da exuberância e do exotismo da paisagem madeirense, sustentáculo do Turismo, a única indústria da Madeira e cada vez mais a base da nossa economia.
A propósito:
A quem quer agradar?
Opiniões citadas no Cagarra
Protesto contra o teleférico no Rabaçal já chegou ao estrangeiro
Histórico:
Rabaçal at risk in Madeira Island I : teleférico
Rabaçal at risk in Madeira Island II : pergunta
Rabaçal at risk in Madeira Island III : novo-riquismo
Rabaçal at risk in Madeira Island IV : história
Rabaçal at risk in Madeira Island V : carta de leitor
Rabaçal at risk in Madeira Island VI : imagens
Rabaçal at risk in Madeira Island VII : cena coquette
Rabaçal at risk in Madeira Island VIII : turistas falam
Agora que começaram a aparecer vozes contra esta barbaridade, o poder instalado rapidamente fez avançar vários "avençados" para defenderem este projecto sem pés nem cabeça!
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