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Uma notícia no SOL dá conta daquilo que toda a gente sabe, isto é, da influência dos partidos políticos sobre os sindicatos, sejam de direita ou de esquerda: «Quatro dirigentes de sindicato da Fenprof (SPN) demitem-se do PCP acusando o partido de se imiscuir na vida interna da estrutura sindical, disse à Lusa uma das demissionárias». Percebe-se que é resultado de guerras intestinas.
Sabemos que os sindicatos da CGTP-Inter Sindical estão conotados com o PCP e os sindicatos da UGT estão conotados com o PS e o PSD.
A interferência dos partidos nos sindicatos acaba por descredibilizar a acção sindical, porque surge a suspeita de que as lutas dos trabalhadores poderão não ser lutas honestas e independentes do ponto de vista da sua real motivação.
Contudo, não me venham com a história de que 140.000 professores estão instrumentalizados pelo PCP na sua actual luta. Sabe-se que da esquerda à direita, excepto o PS, votaram e defendem a suspensão do actual modelo de avaliação do desempenho.
Esquece-se que foram os professores, nas escolas, que exigiram aos seus representantes sindicais uma luta «aguerrida» contra o actual modelo de avaliação. O memorando de entendimento como o ME foi assinado no final do ano lectivo passado pela plataforma sindical, mas a onda de constestação docente obrigou a rever a estratégia.
Recorde-se que o secretário geral da UGT, João Proença, é daqueles que são vistos na primeira fila na sala do PS, no Largo do Rato, em momentos importantes, como na vitória nas últimas eleições legislativas. A UGT nasceu porque «os sindicalistas ligados aos partidos Socialista e Social-Democrático (conservador) decidiram constituir uma nova central sindical», como se pode ler na página oficial. Por isso, as leis que governos socialistas e social-democratas ponham cá fora são para aprovar... Por isso, muitas vezes não aderem às greves ou ficam calados...
Entre as conotações de uma e outra central sindical, deve-se reconhecer uma diferença: o partido comunista não é, nem foi e muito dificilmente será governo em Portugal. A CGTP-IN não negoceia leis com o PCP como o actual governo PS "negoceia" com a UGT.
Por fim, sabemos do desejo expresso de «quebrar a espinha» aos sindicatos. Por isso, fica também a suspeita que determinadas notícias inserem-se numa campanha contra os sindicatos cujas lutas incomodam o governo, como a actual luta dos professores. Não é por acaso que a notícia de hoje do SOL se refira, precisamente, a sindicalistas-professores.
Os sindicatos podem ter muitos defeitos, mas também têm uma função importante a desempenhar. Segundo a cartilha neoliberal têm de ser esmagados e quebrada a espinha. Vão-se lixar. Prefiro, apesar de tudo, sindicatos imperfeitos do que oferecer um caminho desregulado para a tirania laboral reinar, sem contraponto, sobre a força do trabalho, a parte mais frágil.
A quem interessa sindicatos fracos, inexistentes ou amordaçados? Interessa a senhores da mesma laia daqueles senhores gananciosos dos bancos, que mergulharam o mundo numa grave crise financeira, económica e social.
A propósito:
Olha que novidade
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