«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

sábado, agosto 22, 2009

Asfixia da democracia democraticamente espalhada

Asfixia da democracia («asfixia democrática» no Continente segundo Manuela Ferreira Leite) ou défice de democracia («défice democrático» na Madeira segundo Mário Soares), venha o diabo e escolha.
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Manuela Ferreira Leite denunciou, numa entrevista na RTP1, a existência de uma «asfixia democrática» em Portugal continental, fruto da governação socialista.

Primeiro, como notou o meu amigo Roberto, não é correcto falar em «asfixia democrática», a não ser que se queira dizer que a asfixia é democrática. Talvez quis dizer «asfixia da democracia».

Seja como for, como ainda notou o referido amigo, podemos estar certos de que a asfixia da democracia está democraticamente espalhada e sentida. É preocupante que o vírus se alastre a todo o país.

Como bem nota André Escórcio no Com que então, parece que a líder nacional esquece os termos da vivência democrática numa parcela do território nacional governada há décadas por um poder absoluto (maioria absoluta) do seu próprio partido.

Mas, se a Madeira é acusada de mau exemplo, esse exemplo não justifica que o Governo da República o procure imitar de algum modo.

Resumindo, como já dissemos em Uns mais iguais do que os outros, mas iguais, poder é poder. E poder absoluto quer-se manter no poder absolutamente. É mais dado a certos tiques e manias de controlo porque fica inebriado e poder-dependente.

Moral da história: como diz a canção Poder de José Mário Branco [no álbum Resistir é Vencer, 2004], «poder/Quem o tem, tem ascendente/Poder/Quem o tem, faz-se valente/Bem usado/Mal usado/O poder é sempre prepotente.»

Em vésperas de eleições, é caso para dizer: venha o diabo e escolha.

A propósito:
Uns mais iguais do que os outros, mas iguais III
Uns mais iguais do que os outros, mas iguais II
Uns mais iguais do que os outros, mas iguais I (domínio absoluto)
Uns mais iguais do que os outros, mas iguais

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