«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

sábado, agosto 25, 2007

Câmara da Calheta quer surf de volta II: motivação e realidade

Passaram-se já três anos após a inauguração da promendade/muralha de protecção na Ponta Jardim e nenhuma competição desportiva teve lugar. Apesar dos desejos e deligências nesse sentido por parte de entidades públicas. Afinal, o tempo prova, infelizmente, que as «óptimas condições» não se mantêm.

Já tínhamos feito um comentário no post Câmara da Calheta quer surf de volta I: campeonato mundial na Ponta Jardim, mas há aspectos a especificar.

Ninguém não vai conseguir provar, contra os especialistas e as evidências, que as condições para surfar na Ponta Jardim continuam as mesmas ou melhores do que antes da construção do paredão e promenade no Jardim do Mar.

Oxalá sejam outras as motivações para que se promovam, de novo, competições internacionais de surf no Jardim do Mar, embora seja improvável. Ajudaria a defender o desporto, promoveria a Madeira e animaria a economia local. Mas, é errado fazer assentar tudo no pressuposto das «mesmas condições» ou organizar competições com objectivos políticos.

Mesmo que se fizesse um campeonato de surf no Jardim do Mar (Ponta Jardim) - até agora nem um prova regional teve lugar - apenas provaria que se pode fazer uma competição. Nada mais. Não provaria que as condições estão como antes. Um campeonato de surf poderia ser realizado em condições imperfeitas.

Em abstracto, pode-se admitir a possibilidade, puramente académica, de realizar-se uma competição desportiva internacional, nas actuais condições da Ponta Jardim, apesar de não ser a onda única que já foi.

É uma possibilidade, em teoria, porquê? Há vários factores na equação, além das condições da onda e do surf spot. Apesar dos danos nas condições únicas da onda da Ponta Jardim e da sua actual e acentuada perigosidade, as autoridades locais e a indústria do surf poderiam até investir elevadas verbas para atrair surfistas de topo a uma competição de nível mundial na Ponta Jardim.

Surfistas que pela fama e pelo dinheiro dos prémios estivessem dispostos a correr riscos, a ultrapassar mesmos os limites da sua segurança pessoal. Tudo tem um preço.

Contudo, passaram-se já três anos após a inauguração da promendade/muralha de protecção e nada aconteceu, apesar dos desejos e deligências nesse sentido. Afinal, o tempo parece provar, infelizmente, que as «óptimas condições» não se mantêm.

Recorde-se a imprensa de 23.09.2006, altura em que estreou na Madeira o filme Lost Jewel of the Atlantic:

Diário de Notícias: «o autarca [Manuel Baeta] diz que esta [realização de competições] é a resposta do executivo camarário aos críticos que dizem que o Jardim do Mar já não tem ondas». «[G]arante que as condições para a prática da modalidade são as mesmas que existiam antes da construção da promenade no Jardim do Mar».

Jornal da Madeira: «isto é para dar resposta àquelas vozes que andaram por aí a dizer mal do nosso município [da Calheta] e da nossa Região. Continuamos com óptimas condições». «É para que eles percebam e vejam que continuamos com as mesmas condições, que em 2000 eram óptimas e neste momento também temos condições óptimas».

2 comentários:

  1. falta comprar o megafone: só assim a realidade parecerá diferente para eles, claro.

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  2. o Boicote seria a coisa mais adequada a fazer, visto ser a motivação da realização da prova não desportiva mas política!É uma vergonha mas que instrumentalização mais Hípócrita!

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