«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

quarta-feira, maio 16, 2007

Em carne viva



Mar Velho versus Mar Novo de antifers, no Portinho, Jardim do Mar [clicar sobre as imagens].

Quem pode achar defensável TÃO DESMESURADA artificialização da costa? É assim, desde 2004, toda a frente mar da MAIS PEQUENA freguesia da Madeira. Cerca de 800 metros de praia de calhau foram aterrados, cimentados e emparedados com milhares de cubos (antifers). É um cemitério. Quebra-mares que são quebra-almas. Além de quebra-turismo de qualidade e/ou ecológico.

No Jardim do Mar, atingiu-se os recifes naturais que faziam as ondas quebrarem mais longe da costa devido à massiva extracção de inertes (areia) durante décadas, de forma contínua. Depois usou-se o argumento da erosão, não para repor os recifes protectores, que serviam para a vida marinha e ainda para o surf, mas para colocar milhares de antifers na linha de rebentação, com graves prejuízos ambientais, paisagísticos, desportivos, turísticos e económicos (apanha da lapa). Para nem falar nos custos de manutenção futuros. Mais recentemente, colocaram-se caixotes de betão na zona de grande extracção de areia a Oeste, para ajudar a repor os fundos e a fauna, mas os areeiros estão a voltar ao Jardim do Mar...

Mas, ainda bem que há algumas pessoas a dizer que o rei vai nu.

«Não sei como querem desenvolver o turismo ou dar-lhe qualidade se, por exemplo, derem cabo da paisagem ou cederem à pressão dos interesses económicos, ao chamado encher a pança enquanto podem, protagonizado por indivíduos que se estão a borrifar para o que possa suceder ou não aos madeirenses».
LFM (Ultraperiferia)

«Eu também acho que o investimento não deve ser travado. Mas o oportunismo deve ser combatido, tal como a ilegalidade, para não ser mais duro, não pode ser tolerada, doa a quem doer. Não podemos admitir que estraguem a paisagem da Madeira, uma terra de turismo que vive do equilíbrio paisagístico e que mais cedo ou mais tarde vai perceber que se não preservar a sua identidade, se não fomentar o turismo, voltará a ser uma terra de carências acentuadas, de frustração e de muitos dramas sociais. Não podemos tolerar abusos de alguns “barões” de pacotilha que se apoderam de tudo o que lhes apetece, não podemos deixar que alguns possam construir onde a outros é recusado fazê-lo.» LFM (Ultraperiferia)

Recorde-se:«Muralha do Jardim do Mar prejudica promoção lá fora»
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