Como se vê por esta imagem do Jardim do Mar, a «Madeira tem dado provas, em matéria ambiental, que sabe decidir», como referiu Manuel António, secretário regional do Ambiente e Recursos Naturais (Diário 12.11.2008).
Segundo deu conta o Diário (22.12.2008), Undine Ehmke, directora de produto da TUI da área Espanha, Portugal e Cabo Verde, considera que a «Madeira continua a ser um destino muito interessante para os clientes da TUI, "pois é diferente de todos os que se apresentam nesta a área geográfica, e é procurado por turistas interessados em questões relacionadas com a Natureza".»
Diz ainda o jornal: «Estes clientes constituem um grupo selectivo, que aprecia muito a Madeira, a sua beleza natural e toda a tranquilidade que aqui se vive, além da qualidade dos seus hotéis. Na opinião da responsável da TUI são clientes fiéis que repetem muitas vezes o destino e que são diferentes dos outros que procuram destinos mais massificados e de praia.»
A nosso ver, quando Undine Ehmke refere a beleza natural e a tranquilidade como pontos fortes do Destino Madeira, está a discordar daquilo que prejudica esse património natural, a autenticidade, o exotismo e o sossego.
Ela refere-se a turistas e a turismo de maior qualidade, que não se compadece com a oferta própria de destinos massificados e de praia. Daí ser fácil perceber que aquilo que a Madeira tem feito para massificar o seu turismo, através de praias artificais de areia amarela ou de intervenções descaracerizadoras como o projectado teleférico para o Rabaçal, contraria o que diz a directora de produto da TUI.
A Madeira está a romper equilíbrios sensíveis em favor de uma massificação contrária à manutenção destes turistas de qualidade, que repetem o destino e são uma arma fundamental na promoção da Madeira no passa-palavra.
Tudo isto confirma o que foi escrito aqui: Rabaçal vai parecer uma cidade ou Money talks. Undine Ehmke confirma a pertinência da nossa perspectiva e argumentação: "Do ponto de vista ambiental, há constrangimentos e, do ponto de vista turístico, cria uma má imagem da Madeira na forma de tratar o seu património natural", daí que o teleférico do Rabaçal pode vir a contribuir no futuro para o afastamento dos "turistas que realmente interessam à Madeira". Os tais turistas de que fala a TUI.
Anda um disnorte qualquer na conciliação entre Turismo e Construção... Há quem diga que certas intervenções mantêm o equilíbrio entre o exotismo (Natureza) e a sofisticação (equipamentos/betão).
E depois voltamo-nos para uma entidade transcendental para nos livrar das consequências dos nossos actos governativos: «Deus nos livre de perder essa qualidade» ou «Deus nos livre de perder essa qualidade» 2.
Alguém se lembra o que disse a National Geographic Traveler sobre as melhores ilhas turísticas do mundo? É bom recordar: Açores em 2º, Madeira em 70º lugar.
Uma notícia de hoje do Diário refere que, em termos de procura em Dezembro, os «hotéis de 4 estrelas estão a vender melhor que as unidades de referência, surgindo este dado como um indicador contraditório: o destino de qualidade não tem clientes disponíveis para pagar 300 a 550 euros por noite». Pois é... apenas mais um indicador que nem tudo são rosas...
Há uma expressão em inglês que diz keep it simple, stupid. Porque às vezes o mais simples e óbvio cega-nos e complexificamos as coisas. Por isso, em termos do equilíbrio entre construção e natureza - não somos contra o desenvolvimento com D maiúsculo - dizemos: keep it natural, stupid. Na dúvida, mais vale não mexer, porque depois do mal feito é difícil repor as condições naturais anteriores.
Recorde-se:
Artificialismos em detrimento do natural e do autêntico
photograph taken with a Nokia cellphone 3.2 megapixel camera : no editing : © neliodesousa 2008
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