Um exemplo, no Jardim do Mar, da falta de harmonia e de proporções entre desenvolvimento e defesa do ambiente e paisagem. E alega-se equilíbrio? Onde?
A Madeira tem feito algumas coisas pela área ambiental, mas afirmar que o desenvolvimento se fez em equilíbrio com a defesa do ambiente, como se afirmou na recente discussão do programa do Governo Regional, tem muito que se diga. O que não faltam são exemplos do oposto, isto é, de desequilíbrios que estão à vista de todos.
Que ignorem esses desequilíbrios é uma coisa, negar que existem é outra.
Quando se tem a consciência que a realidade torna difícil sustentar determinados argumentos e posições, chuta-se o assunto para a zona de subjectividade, para assim se evitar a realidade.
Não se pode esquecer factos como a pressão sobre o litoral e sua artificialização; a inexistência de planos de ordenamento da orla costeira ou as pedreiras e extracção massiva de inertes. A última coisa que se quer são obstáculos burocráticos ao "progresso"...
Não se pode esquecer intervenções que comprometem o exotismo e a autenticidade das belezas naturais da Madeira, grandes repelentes do turista de qualidade, que procura uma determinada experiência na ilha e depara-se com o ruído visual causado pelo betão em exagero, que não se preocupou com os equilíbrios. Há grandes machadadas na nossa paisagem.
Ou será que paisagem e ambiente é só na serra, é só laurissilva?
O caso do Jardim do Mar, tratado no filme Lost Jewel of the Atlantic, é emblemático. A mais pequena e uma das mais pitorescas freguesias da ilha foi brindada com uma enorme promenade e uma massiva quantidade de antiferes, que enterraram quase 800 de praia de calhau, em contraste e desproporção grotescos com as características e escala da localidade. De um lado, pequenas ruas calcetadas, muito típicas. Do outro, construções enormes de betão.
Por mais que se lutasse por um compromisso (muralha de protecção e promenade mais estreitos e sem entrar mar adentro, com todos os benefícios e nenhuma desvantagem, a não ser para quem fez muito lucro em cimento...), a teimosia levou àquilo que se sabe.
Meia dúzia a defender os seus interesses com sacrifício do bem comum, com a conivência ou cedência de quem deve acautelar esse bem público.
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