Aqui fica documentado as visitas durante esta semana dos areeiros, de terça a sexta-feira, além do que já tinha ficado registado aqui. Está a tornar-se mais frequente, agora que vai entrando de novo na rotina dos jardineiros e integrando a paisagem.
Quando se enfatizam e dramatizam as necessidades de protecção costeira do Jardim do Mar, como no post anterior está transcrito, não se percebe que pessoas inteligentes não estabeleçam uma relação de causalidade-efeito entre a extracção de areia durante décadas e o avanço do mar.
Que não se perceba que a extracção continuada de inertes, após décadas, é o oposto de protecção...
A alegada necessidade («a maior necessidade») de protecção destinou-se apenas a justificar a contrução de uma paredão e promenade? A massiva "promenade" ao longo de quase 800 metros da costa do Jardim do Mar foi construída para permitir e justificar o retorno dos areeiros?
Onde está a coerência e a consequência?
E agora? A protecção já deixou de ser preocupação? Continue-se a destruir no mar a protecção natural porque depois constrói-se mais protecção artificial na costa? Mais uns antifers mar adentro? É uma cadeia alimentar... um ciclo vicioso.
Mais aqui:
Extracção de areia na Ponta Jardim (sand dredging in Ponta Jardim)
Inertes à conta da inércia
Inertes
Areeiros voltam ao Jardim do Mar 2
Areeiros voltam ao Jardim do Mar
É outro escândalo igual a tantos outros. Até parece que o objectivo é criar uma nova necessidade para ser necessário atirar mais betão para o Mar. Tentem descobrir quem ganha os concursos para esse tipo de obras e encontrarão aí as respostas às nossas dúvidas. Estamos na Madeira.
ResponderEliminarO Nélio faz um juízo de valor ao afirmar: "não se percebe que pessoas inteligentes não estabeleçam uma relação de causalidade-efeito entre a extracção de areia durante décadas e o avanço do mar."
ResponderEliminarTerá esta sua afirmação sustentação científica? Haverá uma relação causal que devesse ser óbvia a quem se manifestou em favor da protecção do Jardim?
Por vezes somos demasiado generosos na crítica e acho que a sua é demasiado feroz relativamente à população e muito pouco atenta às motivações de alguns surfistas e alguns pseudo-ambientalistas. É um tanto ou quanto maniqueísta demais. Ou não será?
Cumprimentos,
Obrigado pelos comentários.
ResponderEliminarSerá mais uma constatação cidadã do que um juízo de valor. Quanto muito valorizo e não menosprezo a inteligência das pessoas.
Penso que é, sobretudo, uma provocação. Para que não se continue a ignorar o assunto ou que se tome posição apenas quando nos é ditado.
Já que se fala em juízos de valor e de crítica feroz, o que significa «motivações de alguns surfistas e alguns pseudo-ambientalistas»? Sem especificar as motivações e lançando para o ar uma suspeição generalizada.
Não há aqui santos nem demónios. Defende-se um ponto de vista.
Apenas se constata e se lamenta que a virulência de alguns (não se confunda esses alguns com a população... não tenho nada contra ela, bem pelo contrário) de outras ocasiões só se manifeste, selectivamente, sobre a questões do avanço do mar sobre a costa.
Aliás, é uma preocupação relativamente ao bem-estar dessa população. É solidariedade. Apenas se estranha que as preocupações de protecção do mar, para alguns, não se façam sentir de forma sistemática, permanente e consequente.
Como se sabe, parte da população foi joguete dos objectivos de construir-se o paredão e promenade de dimensões gigantescas. A protecção fazia-se na mesma sem tal dimensão. Sem perder nada como se perdeu. Muito para além das mediatizadas ondas.
Os surfistas e pseudo-ambientalistas nomeados também se manifestaram pela protecção da freguesia.
Com uma diferença: mais estreita para que não enterrasse cerca de 800 de praia de calhau; não se comprometesse a paisagem exótica nem fosse uma contradição com as características pitorescas e autênticas da aldeia; não se impedisse a apanha da lapa - ajuda o sustento de várias famílias locais -; não se comprometessem as condições desportivas únicas da onda da Ponta Jardim.
Rapar os fundos marítimos (protecção natural) perto da costa não tem nada a ver com o avanço do mar? Bastaria o senso comum...
Mais do que evidência científica, a população do Jardim do Mar lembra-se muito bem onde chegava o mar antes dos areeiros cá chegarem e onde passou a chegar depois da extracção intensiva de inertes ao longo de décadas.
Daí não se entender o silêncio presente dos que se manifestaram em outros momentos sobre a protecção da freguesia.
Só isso.
Saudações.