«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

sábado, setembro 08, 2007

Extracção de areia (sand dredging)

Aqui fica documentado as visitas durante esta semana dos areeiros, de terça a sexta-feira, além do que já tinha ficado registado aqui. Está a tornar-se mais frequente, agora que vai entrando de novo na rotina dos jardineiros e integrando a paisagem.

Quando se enfatizam e dramatizam as necessidades de protecção costeira do Jardim do Mar, como no post anterior está transcrito, não se percebe que pessoas inteligentes não estabeleçam uma relação de causalidade-efeito entre a extracção de areia durante décadas e o avanço do mar.

Que não se perceba que a extracção continuada de inertes, após décadas, é o oposto de protecção...

A alegada necessidade («a maior necessidade») de protecção destinou-se apenas a justificar a contrução de uma paredão e promenade? A massiva "promenade" ao longo de quase 800 metros da costa do Jardim do Mar foi construída para permitir e justificar o retorno dos areeiros?

Onde está a coerência e a consequência?

E agora? A protecção já deixou de ser preocupação? Continue-se a destruir no mar a protecção natural porque depois constrói-se mais protecção artificial na costa? Mais uns antifers mar adentro? É uma cadeia alimentar... um ciclo vicioso.

Mais aqui:
Extracção de areia na Ponta Jardim (sand dredging in Ponta Jardim)
Inertes à conta da inércia
Inertes
Areeiros voltam ao Jardim do Mar 2
Areeiros voltam ao Jardim do Mar

3 comentários:

  1. É outro escândalo igual a tantos outros. Até parece que o objectivo é criar uma nova necessidade para ser necessário atirar mais betão para o Mar. Tentem descobrir quem ganha os concursos para esse tipo de obras e encontrarão aí as respostas às nossas dúvidas. Estamos na Madeira.

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  2. O Nélio faz um juízo de valor ao afirmar: "não se percebe que pessoas inteligentes não estabeleçam uma relação de causalidade-efeito entre a extracção de areia durante décadas e o avanço do mar."

    Terá esta sua afirmação sustentação científica? Haverá uma relação causal que devesse ser óbvia a quem se manifestou em favor da protecção do Jardim?
    Por vezes somos demasiado generosos na crítica e acho que a sua é demasiado feroz relativamente à população e muito pouco atenta às motivações de alguns surfistas e alguns pseudo-ambientalistas. É um tanto ou quanto maniqueísta demais. Ou não será?
    Cumprimentos,

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  3. Obrigado pelos comentários.

    Será mais uma constatação cidadã do que um juízo de valor. Quanto muito valorizo e não menosprezo a inteligência das pessoas.

    Penso que é, sobretudo, uma provocação. Para que não se continue a ignorar o assunto ou que se tome posição apenas quando nos é ditado.

    Já que se fala em juízos de valor e de crítica feroz, o que significa «motivações de alguns surfistas e alguns pseudo-ambientalistas»? Sem especificar as motivações e lançando para o ar uma suspeição generalizada.

    Não há aqui santos nem demónios. Defende-se um ponto de vista.

    Apenas se constata e se lamenta que a virulência de alguns (não se confunda esses alguns com a população... não tenho nada contra ela, bem pelo contrário) de outras ocasiões só se manifeste, selectivamente, sobre a questões do avanço do mar sobre a costa.

    Aliás, é uma preocupação relativamente ao bem-estar dessa população. É solidariedade. Apenas se estranha que as preocupações de protecção do mar, para alguns, não se façam sentir de forma sistemática, permanente e consequente.

    Como se sabe, parte da população foi joguete dos objectivos de construir-se o paredão e promenade de dimensões gigantescas. A protecção fazia-se na mesma sem tal dimensão. Sem perder nada como se perdeu. Muito para além das mediatizadas ondas.

    Os surfistas e pseudo-ambientalistas nomeados também se manifestaram pela protecção da freguesia.

    Com uma diferença: mais estreita para que não enterrasse cerca de 800 de praia de calhau; não se comprometesse a paisagem exótica nem fosse uma contradição com as características pitorescas e autênticas da aldeia; não se impedisse a apanha da lapa - ajuda o sustento de várias famílias locais -; não se comprometessem as condições desportivas únicas da onda da Ponta Jardim.

    Rapar os fundos marítimos (protecção natural) perto da costa não tem nada a ver com o avanço do mar? Bastaria o senso comum...

    Mais do que evidência científica, a população do Jardim do Mar lembra-se muito bem onde chegava o mar antes dos areeiros cá chegarem e onde passou a chegar depois da extracção intensiva de inertes ao longo de décadas.

    Daí não se entender o silêncio presente dos que se manifestaram em outros momentos sobre a protecção da freguesia.

    Só isso.

    Saudações.

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