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quinta-feira, agosto 14, 2008

Enrocamentos "metem água"

Começa-se a reconhecer que os enrocamentos (poços), como este na vila Ponta do Sol, foram um erro. Afinal, tinham razão os ambientalistas.
phto copyright: (c) DRTM

Os enrocamentos têm custos de manutenção, com os contribuintes a pagarem do bolso estas experiências na costa, que além de serem um mau cartaz turístico e uma agressão paisagística, não são funcionais e colocam problemas quanto à qualidade da água e na manutenção das estruturas, como prova o caso na Ponta do Sol.

Basta ver a galeria de imagens (aqui ou aqui), na página do município, para perceber que as mesmas foram tiradas de modo a evitar o monstro inestético. Só numa ou duas se vislumbra um bocado do enrocamento. Prova que causa embaraço.

Só agora os responsáveis autarcas da Ponta do Sol reconhecem, publicamente, que o enrocamento não agrada a ninguém, no preciso momento em que precisam justificar os elevados custos da alteração da estrutura e da dragagem no seu interior...

Teve de tocar no bolso, isto é, haver a perda da Bandeira Azul devido à diminuição da qualidade da água balnear, para se reconhecer os erros.

O enrocamento ajuda a reter no seu interior qualquer foco de poluição, de terra ou do mar, em vez de o dissipar. A moda de fazer enrocamentos inestéticos e pouco funcionais por toda a ilha, só para espatifar dinheiro, dá estes resultados.

Mas, há outras consequências: o presidente da Câmara da Ponta do Sol pede para fazer a alteração do enrocamento e a dragagem do seu interior porque «são muitas as pedras e areia [lamacenta, acrescente-se] arrastadas pelas correntes marítimas. Posteriormente, quando haja disponibilidade financeira, modificaremos a estrutura».

Quanto à protecção face ao avanço do mar nas tempestades, o responsável autárquico deveria saber que existem outras soluções, nomeadamente os recifes artificiais submersos, que fazem quebrar as ondas mais longe da costa, em vez de descarregar a energia sobre a praia ou os enrocamentos/muralhas aí construídos, com as consequências que se vê.

Veja-se o que está a fazer a Câmara de Cascais: Recife artificial para surf e protecção da costa em São Pedro do Estoril.

Serviria ainda outros casos de protecção de estruturas na costa como a Marina do Lugar de Baixo ou a sustenção da areia da hipotética praia artificial, que venha a ser criada na Praia Formosa ou noutro sítio.

Na Calheta, por exemplo, há pessoas que se queixam de infecções e alergias na praia artificial, devido, pensa-se, à menor circulação da água imposta pelo enorme enrocamento junto à praia, para suster a areia.

Recorde-se:
Enrocamentos pela ilha
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Natureza não é só serra e laurissilva
Em carne viva
Recifes artificiais e protecção da costa
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Recife artificial para surf e protecção da costa em São Pedro do Estoril.
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Recife artificial é solução para a Marina do Lugar de Baixo, com várias vantagens (por Pedro Bicudo)
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