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sexta-feira, agosto 29, 2008

PIB mais rico, mas famílias mais pobres

contexto da foto

Segundo o Diário deste dia, num bom trabalho jornalístico esclarecedor para o cidadão, «verifica-se [...] que a Madeira até tem um PIB per capita superior à média nacional e muito acima do dos Açores (mais 30%). No entanto, uma fatia considerável desse PIB é gerado no Centro Internacional de Negócios da Madeira (vulgo, Zona Franca) e tem pouco impacto na economia local.

Só assim se compreende que o rendimento líquido anual médio por agregado familiar na Madeira (21.285 euros) esteja abaixo da média nacional (que é de 22.136 euros) e da média do registado no outro arquipélago [ dos Açores] (23.520 euros).

Por palavras simples, temos uma terra que gera muita riqueza mas cuja distribuição não beneficia tanto as famílias como seria de esperar», conclui o matutino a partir dos indicadores publicados pelo Instituto Nacional de Estatística.

Parece então que não foi só nos idos tempos da colonização e da colonia, dos industriais ingleses ou da ditadura de Salazar que a distribuição de riqueza não foi a desejável e socialmente justa.

Por alguma razão os indicadores têm revelado que o poder de compra dos madeirenses é um dos mais baixos do país e que temos uma das maiores taxas de atribuição do rendimento social de inserção.

Numa Região com uma dívida directa e indirecta de 1.643 milhões de euros no final de 2007 (há quem actualize para mais os números desta conta), como adiantou o Diário de hoje, e que recebe milhões da União Europeia há mais de 20 anos.

Tudo se encaixa. O que destoa é sermos dados, no papel, como a segunda região mais rica do país... Que nos fez perder fundos da União Europeia e do Orçamento de Estado.

Agora, os madeirenses, nomeadamente as famílias, preocupam-se com o seu poder de compra e rendimento anual? Parece que não. Mantém-se o coma cívico, um descanso para as consciências.

Não há problema nem desgoverno que uma festa não faça esquecer, especialmente à mistura com umas ponchas para adormentar qualquer juízo rebelde...

O madeirense manifesta-se e desce à rua (baixa do Funchal) apenas para ver navios, acrobacias de aviões ou fogo-de-artifício. Nem o bem-estar dos filhos o faz acordar e tomar uma atitude. É mais cómodo ficar a olhar para o ar ou para o mar e alienar-se.

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