Os madeirenses não se satisfizeram em castigar o PS com votação massiva no PSD. Colocaram mais partidos de direita na Assembleia Legislativa da Madeira, castigando mesmo os restantes partidos de esquerda que não assinaram a Lei de Finanças das Regiões Autónomas (LFRA).
No parlamento, a esquerda ficou então reduzida a 10 deputados: PS 7, CDU 2 e BE 1. A direita expandiu-se e ficou com 37 deputados: PSD 33, CDS-PP 2, MPT 1 e PND 1.
O curioso disto tudo é o facto dos madeirenses terem reforçado a votação nos partidos de direita em protesto contra as medidas de direita do actual Governo da República. Por um lado, é um indicador da cultura política (in)existente e, por outro lado, revela que, provavelmente, tudo se resumiu ao protesto contra a redução de 300 milhões de euros das transferências do Estado até 2013. Não gostamos que nos mexam no bolso, isso é certo.
Todavia, a CDU e o BE foram críticos e votaram contra a LFRA. E não aumentaram o número de deputados. A CDU castigada no seu objectivo de eleger um terceiro deputado. O BE castigado ao ponto de não conseguir (re)eleger o grupo parlamentar que sempre teve, desde as eleições de 1976, sob a sigla da UDP, exceptuando apenas a legislatura de 1996-2000, reduzida a um deputado. Enquanto BE, desde o acto eleitoral de 2000, não conseguiu recuperar o grupo parlamentar. Em 2007, teve o mais baixo número de votos desde sempre (4.186, quando nunca tinha descido dos 5.000 votos.)
Outra contradição tem a ver com os cortes da União Europeia, estimados em 500 milhões de euros, até 2013: apesar desse corte quase duplicar as verbas que serão transferidas a menos do orçamento português, não suscitou protestos.
Os argumentos não são os mesmos? Os cortes europeus e nacionais não se fundamentam no mesmo PIB alcançado pela Madeira? Será que o corte da União Europeia é justo e justificado por serem conhecidas as regras há mais tempo? O facto de serem conhecidas há muito tempo as regras europeias não torna a perda de fundos ainda mais grave, já que não soubemos precaver essa perda? E justifica o conformismo perante a perda?
Não é verdade que um «estudo elaborado por uma equipa liderada pelo ex-ministro da Economia, Augusto Mateus, entregue ao Governo Regional em 2004» já previa «consequências e riscos decorrentes da "adopção simplista e mecânica" de um indicador PIB com "imputações anómalas" resultantes de um pequeno grupo de empresas instaladas no Centro Internacional de Negócios, para cálculo das transferências de verbas para a Região» (Diário de Notícias 5.10.2006)?
Há coisas que deixam um cidadão confuso...
Recorde-se:
Questão de lógica
Da autoviabilidade ao desespero, do rico PIB ao pobre poder de compra
Tentativas para desmontar PIB "empolado"
LFRA avança apenas com votos do PS
Questão de fundo da LFRA
Rigor e transparência, mas também realismo e justiça
Pareceres sobre a LFRA
Riqueza real e a LFRA
Duro despertar para a realidade
Ó realidade
photo copyright 3BP
Caro Nélio Sousa,
ResponderEliminarJulgo que o BE tinha apenas um deputado na legislatura anterior.
Cumprimentos,
Só fica confuso quem tem alguma consciência da realidade financeira da Madeira. Quem não a tem segue em frente (alegre em contente)sem saber do que o espera mais à frente!
ResponderEliminarObrigado pelo alerta quanto ao número de deputados do BE. É claro que foi 1 deputado na legislatura anterior. Grupo parlamentar só sob a sigla da UDP. O lapso deve vir daí. Já está feita a respectiva correcção no texto. Todavia, em número de votos, foi substancialmente mais baixo face a todo o passado, seja como UDP ou BE.
ResponderEliminarSaudações.