No texto RETRATOS DE UM SONHO ORWELLIANO, José Pacheco Pereira continua a sua saga argumentativa sobre o Magalhães, desta vez a propósito de um aníuncio da PT, acima reproduzido. Vale a pena uma espreitadela, também pelos comentários dos leitores do Abrupto.
Destaques:
«A crença tecnocrática no gadget explica muita coisa, mas mostra ignorância sobre o modo como as tecnologias mudam as sociedades.»
«Neste mundo PT - Sócrates, o elemento essencial do sucesso pedagógico aparece como sendo o computador, quando é o professor, é a capacidade empática do professor [ver nota em baixo] a chave de tudo e é essa realidade, mais difícil de dominar e melhorar, que não se alimenta da crença na instantaneidade do saber pelo acesso aos gadgets.»
«[A] ordem porque aprendem e o modo como interligam as diferentes literacias não é irrelevante.»
NOTA:
A «capacidade empática» de que fala Pacheco Pereira é um mito, como a questão da vocação, um conceito meio mágico, meio religioso, meio místico (cuja etimologia procede do verbo vocare, ou seja, "chamar"; tem vocação o que é chamado para... não se sabe muito bem quem faz a chamada nem como a escutar).
Atente-se ao pensamento do arquitecto Álvaro Siza Vieira, no Público (15.06.2007): «Não acredito nessa coisa da vocação. Acredito em influências que canalizam para determinados interesses, mas não acredito que fulano nasceu para arquitecto, ou cicrano para médico. Interessou-se, estudou, houve uma convergência de razões que o levaram a fazer aquela opção. Ou às vezes até por acaso. Já contei não sei quantas vezes que eu não queria ir para arquitectura.»
Mas, há sempre quem goste de se considerar predestinado. Como há quem acredite que a aprendizagem do aluno depende, em grande parte, da «capacidade empática» do docente, uma espécie de encantador de pessoas. Se o estudante não aprende é mais uma vez responsabilidade única do docente.
Nunca porque o aluno não trabalha, não se interessa, não estuda, não é disciplinado ou não tem uma atitude favorável perante o trabalho intelectual. Nada disso, é porque o professor não é empático... Se as pessoas fossem trabalhar em função da capacidade empática dos patrões...
Eu diria que a presença humana do professor, como criador de condições para a aprendizagem, é mais importante do que os gadgets.
Memória:
Caso Magalhães 9
Caso Magalhães 8
Caso Magalhães 7
Caso Magalhães 6
Caso Magalhães 5
Caso Magalhães 4
Caso Magalhães 3
Caso Magalhães 2
Caso Magalhães 1
Programa e-escola, o outro lado
Programa e-escola, que proveitos?
Ilusão de Sócrates
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