«Coisas de miúdos» diz a direcção da Escola Luciano Cordeiro de Mirandela, mas agora morreu um aluno. Até quando se vai, cobardemente, escamotear a violência e a indiscisplina nas escolas?
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“Não apanho mais, vou-me atirar ao rio”, terá dito o menino desaparecido no rio Tua, levado ao desespero, segundo relatado, por ser frequentemente ameaçado e agredido por colegas mais velhos. Anteontem, «Leandro não aguentou mais. Saiu a chorar do estabelecimento de ensino, pelas 15h00, e nem o irmão gémeo nem os três primos, sensivelmente da mesma idade, o conseguiram travar» (CM).
Leandro já tinha estado internado no hospital, há um ano, depois de ter sido pontapeado na cabeça por colegas de escola. Um entre vários episódios de violência de que terá sido vítima.
Isto é uma vergonha, para além de ser uma tragédia. A realidade vem dar razão ao Procurador-Geral da República: «Sei que há várias pessoas (...) que minimizam a dimensão da violência nas escolas, mas ela existe. (...) Não quero nem que haja um sentimento de impunidade nem que esse miúdo se torne um ídolo para os colegas. Quanto à escola, ao nível penal, deve existir tolerância zero.»
O Ministério Público está a investigar pelo menos 160 casos de violência escolar, segundo os dados mais recentes divulgados ao Público pela Procuradoria-Geral da República. Os inquéritos foram abertos em 2008 e admite-se "que o número seja maior, já que alguns[processos] não constam do sistema informático" da procuradoria. Se pensarmos que a maioria dos casos é camuflada... e que nunca vem a lume...
Em Mirandela, uma mãe cuja filha tem sido, alegadamente, vítima de violência na mesma escola, denuncia que a direcção da escola limita-se a desvalorizar o problema ao dizer que «são coisas de miúdos». É tudo uma brincadeira. Mesmo perante os factos públicos nega-se a realidade. Imaginemos o que não se esconde quando nem chega a conhecimento público...
A Associação de Pais veio alegar que não havia violência na escola, mas um grupo de mães logo se reuniu para denunciar o oposto, com exemplos de violência sofrida pelos seus filhos na escola.
A Confap quer responsabilizar pais por actos violentos dos filhos, por exemplo, retendo os seus apoios sociais. É um sinal, não sei se é a melhor forma de responsabilização cívica, mas não basta.
Esperemos que a morte do Leandro, com fortes indícios de ter sido um suicídio na sequência de violência física e psicológica continuada no tempo (bullying) por parte dos seus colegas, ao menos não seja em vão e despolete processos crime e medidas no sistema de ensino. A escola não pode ser um limbo de violência impune, como se fosse um espaço sem lei.
Não pode continuar tamanha bandalheira nas escolas, dentro e fora das salas de aula.
A propósito:
15: Violência (des)camuflada IV
13: violência camuflada III
12: violência camuflada II
7: violência camuflada I
38: Bandalheira instalada na pública favorece a privada
30: Onde falhamos nós no público
29: Regras e responsabilização das crianças
27: Responsabilização
23: Leste arrasa postura desculpabilizante
Outros:
10: educação infantil em Portugal (Eduardo Lourenço)
Laxismo pós 25 de Abril trama Educação
Brincamos mesmo
País de brincalhões
Fomentos da indisciplina [quando o exemplo nem vem de cima]
que me desculpe esse senhor da associação mas de querer atirar areia para os olhos da sociedade estava tão bem calado (ou só quis aparecer na fotografia mas ficou muito mal)e um escândalo ter que acontecer uma tragédia para se tomar uma atitude (se e que vai ser tomada ou fica tudo no esquecimento )estou solidaria com todas essas pessoas que tem sido vitimas só lhes continuem a vossa luta não desistam pelos vossos filhos e preciso condenar os culpados começam-do pela escola conselho directivo que nunca querem ter responsabilidades?????
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