Não é nada que não tivéssemos a percepção no contacto com a realidade, mas é importante os números do INE confirmarem-na. Apesar destes e de outros números, a anestesia geral mantém-se.
«A Madeira é a região do país onde existe uma maior percentagem de trabalhadores que levam para casa no final do mês menos de 310 euros líquidos»: mais de 5% dos trabalhadores madeirenses (5.100) por conta de outrém estão nessa situação precária. O assunto foi manchete hoje do Diário.
«Quarenta e três mil [equivalente a 43,1%] madeirenses ganham menos de 600 euros mensais.» «Destes, um total de 37 mil e 800 trabalhadores recebiam entre 310 e 600 euros líquidos por mês.» Leitura baseada nos dados avançados pelo Instituto Nacional de Estatística. O que prova a ideia de que a maioria das pessoas sobrevive à volta do salário mínimo.
Embora não sendo exclusivo da Madeira, a percentagem é mais elevada cá. Além disso, é preocupante que tenhamos abandonado o grupo das regiões europeias de Objectivo 1, perante o nível dos salários que temos e outros indicadores das dificuldades das famílias, com a consequente e acentuada perda de fundos comunitários.
Escreve ainda o Diário: «Os dados divulgados revelam também que com salários entre os 600 e os 900 euros existia um total de 32.500 trabalhadores. Em muito menor número eram aqueles que auferiam salários entre os 900 e os 1.200 euros, qualquer coisa como 10.700. Já com salários acima dos 1.200 e abaixo dos 1.800 euros existiam apenas 5.800 trabalhadores.»
Recordar é saber:
Estado da Região Autónoma da Madeira: «carenciada e em colapso»
Carências permanecem 30 anos volvidos
Esbanjamento
A dívida é uma festa 2
PIB mais rico, mas famílias mais pobres
Da autoviabilidade ao desespero, do rico PIB ao pobre poder de compra
Tentativas para desmontar PIB "empolado"
Pobreza cada vez mais difícil de camuflar
Dança dos números da pobreza
Impostos, PIB, pobreza e contrastes
Aumento acentuado do Rendimento Social
Flop
Anestesia geral
Confirmação a cada manchete destas:
Dia sem Diário é dia sem "oposição" 1
Dia sem Diário é dia sem "oposição" 2
Caro Nélio,
ResponderEliminarExistem empresas na Madeira como o Hotel Bela de São Tiago e o Sá, que eu conheça, que contratam trabalhadores ao Instituto de emprego, recebem por isso, passam recibos aos trabalhadores do valor que recebem do Instituto de Emprego, mas na prática não é isso que pagam aos trabalhadores. É impossível como isto se passa. Se o Nélio passasse por esta situação provavelmente recorreria a um tribunal de trabalho. Nesse a resposta obtida é que não vale a pena ir para a frente com o processo. E estas bestas dominam com impunidade.
obrigado
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ResponderEliminarObrigado pelo comentário.
ResponderEliminarHouve uma altura, segundo me contam, em que os trabalhadores de certa empresa, quando ripostavam contra a forma como alguns capatazes lhes delapidavam o salário miserável através de vários expedientes, eram enviados para a casa São João de Deus (vulgo Trapiche). Para desacreditar qualquer argumento do lesado. Era pior do que ir para a prisão.
Há situações que são mais escravidão do que precariedade. Desce a um nível que coloca em causa a dignidade humana.
Trabalhar em troca de um salário mínimo já é difícil. Imagine-se trabalhar um mês inteiro, de manhã à noite, para receber 200 ou 300 euros.
E depois querem mérito e competência em troca de salários de miséria, como expõe o estudo do INE.