«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

domingo, setembro 07, 2008

Estado da Região Autónoma da Madeira: «carenciada e em colapso»

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Na Análise da Semana do Diário de hoje, Ricardo Miguel Oliveira faz um ponto do estado actual da Região e do bem comum - um esforço de interpretação dos factos que é basilar no jornalismo - que citamos:

«[É] gritante a insensibilidade patenteada perante uma realidade que fere e questões vitais para o futuro colectivo.

Fiquemo-nos pela notícia da semana, já que ter 47% [metade, pois] da população escolar da Região a beneficiar da Acção Social Educativa é elucidativo do mau estado da economia doméstica. Merecia muita atenção, mas pelos vistos só André Escórcio sentiu a interpelação. Os outros andam entretidos com o ridículo, com as suas pretensões ou com as festas.

Os dados são oficiais e confirmam uma pobreza galopante. Basta cruzar uma série de dados para percebermos que a Madeira está carenciada e em colapso.

Quase oito mil madeirenses e três mil famílias recebem rendimento social de inserção. Um apoio sempre em alta e acima da média nacional, com a Região a ter o mais elevado valor médio mensal da prestação de RSI do país.

Estima-se que cerca de sete mil famílias da Região vivam com um rendimento médio mensal de 145 euros. Uma miséria.

Há estudos que comprovam que somos os portugueses mais pobres e que indicam que os trabalhadores madeirenses têm salário médio inferior em quase 5% aos restantes compatriotas.

Mais de metade da população madeirense está vulnerável à pobreza e 15,1% vive em situação de pobreza persistente. A percentagem de população em risco de pobreza (31%) é a maior entre todas as regiões no plano nacional.

Temos um PIB per capita superior à média nacional, mas o reflexo na economia local é diminuto. O rendimento líquido anual médio por agregado familiar na Madeira está abaixo da média nacional.

O dinheiro dos tempos da fartura não foi justamente distribuído e não promoveu o povo. Engordou as 'lebres' partidárias de vários quadrantes que ingenuamente aceitam ser marionetas, para que os mentores da descredibilização do sistema dividam para reinar, possam passear a cadela, espetar chumbo nos coelhos, dar umas passas, gastar a herança suspeita e encerar os carrinhos de estimação.»

Importante recordar:
Flop
Carências permanecem 30 anos volvidos
Esbanjamento
Se o conhecimento fosse de comer
A dívida é uma festa 1
A dívida é uma festa 2
A dívida é uma festa 3 [reprise]
A dívida é uma festa 4 [encore]
PIB mais rico, mas famílias mais pobres
Da autoviabilidade ao desespero, do rico PIB ao pobre poder de compra
Tentativas para desmontar PIB "empolado"
Duro despertar para a realidade
PIB, riqueza real e a Lei de Finanças Regionais
Pobreza cada vez mais difícil de camuflar
Dança dos números da pobreza
Impostos, PIB, pobreza e contrastes
Aumento acentuado do Rendimento Social
Açores 3º Mundo?
Liberdade de expressão, o tanas
A lição de Monteiro Diniz
Nunca tantos se venderam por tão pouco
Desemprego a níveis altos, apesar de disfarçado pela emigração
Ainda a polémica dos números do insucesso secundário na Madeira
«Apostar a sério na educação», para quando?
Liberalização aérea 3: autonomia, "revolução pacífica e liberalização «espúria»
30 anos

Sobre o papel do Jornalismo:

O jornalismo não pode dar voz apenas às partes envolvidas. Tem de haver um esforço de leitura e interpretação, de contextualização, de aprofundamento, de memória, de descodificação e desmontagem (rigorosa e objectiva) dos factos - diferente de opinar - com os olhos postos na salvaguarda do direito que tem o público à informação, sem subterfúgios.

O leitor tem de ficar ao corrente de tudo o que está subjacente a um assunto e não apenas assistir ao que dizem as várias partes num dado momento.

A realidade e não mais do que a realidade
Tentação de controlar a informação
Dia sem Diário é dia sem "oposição" 1
Dia sem Diário é dia sem "oposição" 2
«Estado de direito posto em causa» na Madeira
A propósito de Abril, o estado de coisas na Madeira e o papel da comunicação social independente...
... resta combater

1 comentário:

  1. O jornalismo de uma forma ou de outra é mera opinião de quem o faz! Os "factos" só são apresentados se vierem corroborar os preconceitos de uma determinada elite. Um jornal acaba por sofrer dos mesmos males do que qualquer ser humano. É selectivo naquilo a que dá relevo, alimenta preconceitos, só publica quilo que vem confirmar um certo "enredo" da realidade em que está inserido, etc, etc.

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