Paulo Rangel acusou o PS de se entreter na luta de classes entre professores, alunos e pais. O eurodeputado do PSD quer uma educação de exigência (deu o exemplo do que fazem a Índia, Singapura ou a Coreia) para que as pessoas saiam da escola com conhecimentos.
photo copyright
Na Grande Entrevista, na RTP1, há pouco, o eurodeputado Paulo Rangel salientou que a Educação deveria ser uma bandeira para o seu partido, de afirmação de um projecto alternativo neste sector.
A palavra exigência surgiu, em contraponto com o actual paradigma do facilitismo e do laxismo estudantil e escolar. Um problema que não se restringe a Portugal, mas afecta o mundo ocidental em geral.
Quando Paulo Rangel se refere à exigência entendo-a no sentido de passar do actual paradigma do facilitismo, da complacência e do laxismo estudantis, para o paradigma assente nos valores universais do trabalho, da disciplina e da responsabilidade individual.
Não quer dizer que concorde com certas estratégias ou políticas do PSD para atingir esse objectivo. PSD ou CDS-PP, porque a direita tem tido a coragem e a liberdade ideológica para abordar o tema sem certos complexos... ideológicos. Faço uma distinção entre o PSD nacional e o PSD Madeira. Nesta matéria da exigência, do trabalho, da responsabilidade e da disciplina estudantis a Madeira está tão mal como o resto do País.
Sei, por experiência directa, no terreno, que esse facilitismo não ajuda a uma efectiva inclusão e democratização do ensino, porque não dota os jovens dos conhecimentos e competências para enfrentar a vida. Uma certa esquerda nega isto. Oferece uma importante bandeira à direita.
Cuidado com aqueles que andam com as palavras «democratização» e «inclusão» na boca, mas que são complacentes com o facilistismo. Defendem princípios bonitos mas quase sempre rejeitam as políticas e as práticas efectivas que permitam a concretização real dessa democratização e inclusão no sistema de ensino. Essa rejeição, muitas vezes, deve-se a constrangimentos ou dogmas ideológicos endémicos.
Esses idealistas ficam satisfeitos apenas com a democratização do acesso, isto é, ter os alunos dentro dos muros da escola sem lhes garantir conhecimentos e competências – sem lhes exigir o esforço, a disciplina e a responsabilidade. Promovem, assim, uma falsa democratização do sucesso escolar e uma ilusória inclusão social.
Alunos sem conhecimentos, indisciplinados, não trabalhadores e irresponsabilizados não os prepara para a vida. São antes factores de exclusão. Mas há quem consiga ver nisso inclusão e democratização...
Trabalho, Responsabilidade e Disciplina são factores fundamentais de inclusão, democratização do ensino, sucesso pessoal, preparação para a vida e mobilidade social. O resto são ilusões que se vendem às pessoas, que vão pagar caro a sua inércia. Juntamente com o resto do País.
Sem a Responsabilidade, a Disciplina e o Trabalho, premissas elementares do processo de ensino-aprendizagem, o esforço de muitos professores nas escolas é inglório. São recursos públicos esbanjados, porque não se quer exigir aos estudantes o esforço e atitude necessários em qualquer escola, em qualquer lugar. Mas, como somos um país de muitos recursos...
Como disse Barack Obama, no discurso em 08.09.2009, aos estudantes, «no final do dia, podem ter os professores mais dedicados, os pais mais atenciosos, as melhores escolas do mundo e nada disso terá importância a não ser que todos vocês cumpram as vossas responsabilidades. A não ser que vocês compareçam a essas escolas, prestem atenção a esses professores, ouçam os vossos pais, avós e adultos e tenham o empenho necessário para obter sucesso.»
Além disso, não aceita a comum desculpabilização e a política do coitadinho, facetas conhecidas do facilitismo e do laxismo: «No final do dia, as circunstâncias da tua vida - como te pareces, de onde vens, quanto dinheiro tens, o que está acontecendo na tua casa - não é desculpa para negligenciares o teu trabalho de casa ou ter uma má atitude. Não é desculpa para dar uma resposta rude ao professor, ou faltar às aulas, ou desistir da escola. Não é desculpa para não tentar.»
Há sinais de que a maré está a mudar, mas muda lentamente. Talvez demasiado lentamente. Enquanto não faz parte do politicamente correcto... Daqui a uns dias toda a gente defende como estruturantes, na aprendizagem, os valores do Trabalho, da Responsabilidade e da Disciplina.
Recorde-se:
Discurso de Barack Obama aos estudantes
Paulo Rangel VS Augusto Santos Silva: esquerda oferece bandeira para a direita cavalgar
Uma luta também feita neste blogue:
Laxismo e facilitismo significam exclusão social
Leste arrasa postura desculpabilizante
Valores do trabalho e da responsabilidade moribundos nas escolas
Menor qualidade e fraca atitude dos estudantes madeirenses
Indisciplina por resolver nas escolas da Madeira
Realidade escolar
Insucesso escolar vem de longe 3
Insucesso escolar vem de longe 2
Insucesso escolar vem de longe 1
Gastar mais e ter dos piores resultados
Mais alguns exercícios de memória:
Falar verdade
Vida ilusória na escola versus dura realidade
Novo paradigma de escola
«A balbúrdia na escola»
Afinal, ministra da Educação desresponsabiliza estudantes
Vida fácil na escola e regras de vida para o estudantes
«Zona de esforço não negociável»
Responsabilizar outros actores e não só os docentes
Professor bode expiatório
Responsabilizar os estudantes pelo seu desempenho
Regras e responsabilização das crianças
Responsabilização
Laxismo pós 25 de Abril trama Educação
Sem comentários:
Enviar um comentário